Jovens trocam de emprego com mais frequência do que gerações anteriores, aponta estudo

Pesquisa revela que a geração Z permanece apenas nove meses em média na mesma empresa, gerando desafios financeiros para as corporações

Por Plox

13/07/2024 12h08 - Atualizado há cerca de 2 meses

Levantamento da plataforma Gupy revela que a geração Z, composta por jovens entre 18 e 24 anos, troca de emprego com mais frequência do que as gerações anteriores no Brasil. Esses jovens permanecem em média nove meses na mesma empresa, enquanto as gerações anteriores ficam, em média, dois anos.

Foto: Pixabay /Reprodução

Desafios e custos para empresas

A alta rotatividade dos jovens trabalhadores traz impactos financeiros significativos para as corporações, que investem consideravelmente no desenvolvimento de talentos. Tatiana Angelotto, gerente de carreiras do Insper, destaca a importância de reter esses profissionais para minimizar os custos associados às frequentes substituições.

Preferência por desafios e mobilidade

Para Guilherme Dias, cofundador da Gupy, a chave para manter os jovens na empresa é oferecer mais desafios e mobilidade interna. "Gerações anteriores preferem mais estabilidade na carreira, ao contrário da geração Z. Eles não querem fazer a mesma coisa por muito tempo", afirmou.

Setores com maior rotatividade

O estudo, que analisou dados coletados entre janeiro de 2022 e dezembro de 2023, indica que o setor de tecnologia lidera em turnover voluntário, com 7% de desligamentos, seguido por varejo e atacado (4,6%), indústria (2,7%) e agronegócio (2,2%).

Experiências individuais

Raphael Tacla, de 28 anos, exemplifica a tendência entre jovens profissionais da tecnologia. Com 12 anos de experiência na área, ele trocou de emprego diversas vezes, buscando melhores salários e condições de trabalho. Sua maior permanência em um emprego foi de cinco anos, e atualmente trabalha como PJ, valorizando flexibilidade e trabalho remoto.

Comparação com outras gerações

A pesquisa Carreira dos Sonhos de 2024, da Cia de Talentos, confirma que a geração Z muda de empresa mais frequentemente do que os baby boomers. Enquanto 35% dos jovens da geração Z trabalharam em apenas uma empresa em cinco anos, 62% dos baby boomers permaneceram na mesma organização durante o mesmo período.

Motivações para mudança

Danilca Galdini, da Cia de Talentos, observa que os pedidos de demissão aumentaram significativamente desde o final de 2022, impulsionados por reflexões sobre o peso do trabalho na vida das pessoas, especialmente entre os jovens. Além disso, muitos jovens desistem de processos seletivos ao perceber que a posição oferecida não atende suas expectativas ou que o pacote de benefícios não é competitivo.

Relatos de jovens profissionais

Thaís Paixão, uma arquiteta de 27 anos, ilustra as dificuldades enfrentadas por jovens profissionais no mercado de trabalho. Ela trocou de emprego sete vezes nos últimos dois anos devido à falta de oportunidades em sua área de formação e ausência de planos de carreira nas empresas. Atualmente, trabalha em uma construtora onde aplica os conhecimentos adquiridos na graduação.

Desafios regionais e benefícios

Fernanda Canaan, estudante de ciências biológicas de 24 anos, trabalha como garçonete e relata que a baixa remuneração e a falta de benefícios contribuíram para suas frequentes mudanças de emprego. No interior do Nordeste, onde reside, a flexibilidade e o trabalho híbrido ainda não são uma realidade comum.

Esses dados mostram a necessidade de empresas adaptarem suas estratégias de retenção para se alinhar com as expectativas e necessidades da nova geração, garantindo que os investimentos em formação e desenvolvimento de talentos sejam aproveitados ao máximo.

Destaques