Tarcísio, que deve disputar a presidência em 2026, vira alvo do governo Lula após aceno a Trump
Governador de São Paulo enfrenta críticas de ministros e pedidos de investigação após tentar interceder por Bolsonaro junto aos EUA
Por Plox
13/07/2025 10h33 - Atualizado há 1 dia
A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros reacendeu tensões políticas no Brasil, colocando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no centro de uma crise que envolve também o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Tarcísio, apontado como possível candidato à presidência em 2026, foi criticado por integrantes do governo federal após se manifestar publicamente sobre o tema e adotar posicionamentos próximos ao ex-presidente norte-americano. O governador ainda responsabilizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela deterioração das relações comerciais com os Estados Unidos.
Durante entrevista à TV Record na quinta-feira (10), Lula ironizou uma imagem de Tarcísio com um boné com o slogan de Trump, “Make America Great Again”, e criticou o alinhamento ideológico do governador. O presidente também afirmou que, se necessário, voltará a se candidatar para impedir o retorno de antigos grupos ao poder.
Além de Lula, outros membros do governo reagiram. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chamou Tarcísio de “candidato a vassalo”, e Rui Costa, da Casa Civil, cobrou que o governador priorize a população paulista. Nas redes sociais, a ministra Gleisi Hoffmann acusou Tarcísio de colocar ideologia acima dos interesses nacionais.
Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex), destacou os impactos da medida de Trump especialmente para São Paulo e alertou sobre possíveis perdas de empregos e dificuldades para as empresas do estado.
O caso ganhou contornos ainda mais graves após a revelação de que Tarcísio teria procurado ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar viabilizar uma viagem de Jair Bolsonaro aos EUA. O objetivo seria um encontro com Trump, visando abrir diálogo sobre as tarifas impostas.
Segundo a colunista Mônica Bergamo, do jornal “Folha de S.Paulo”, os ministros negaram o pedido, por considerarem haver risco de fuga e eventual concessão de asilo político a Bolsonaro. O ex-presidente é réu no STF por tentativa de golpe de Estado.
Na sequência, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) apresentou petição ao ministro Alexandre de Moraes pedindo investigação contra Tarcísio por obstrução de justiça, além de solicitar posicionamento da Procuradoria-Geral da República sobre o uso de tornozeleira eletrônica para monitorar Bolsonaro.
O deputado Guilherme Boulos (Psol-SP) também acionou a Procuradoria-Geral da República para abertura de inquérito com o mesmo objetivo.
Diante do desgaste, o governador de São Paulo amenizou o tom e passou a defender uma ação conjunta entre governos para reverter a medida norte-americana. Em declarações públicas, ressaltou a necessidade de deixar de lado divergências políticas e buscar soluções para proteger o agronegócio e a indústria brasileira.
Na sexta-feira (11), Tarcísio se reuniu com Gabriel Escobar, representante da embaixada dos EUA no Brasil. No encontro, discutiram os efeitos das tarifas e os impactos econômicos para ambos os países. Segundo ele, é preciso abrir diálogo com as empresas afetadas e propor medidas baseadas em dados concretos.
A embaixada norte-americana confirmou a reunião e ressaltou que São Paulo é o estado com maior volume de investimentos americanos no Brasil. Por meio de nota, informou que encontros com governadores brasileiros fazem parte da rotina diplomática para promover os interesses bilaterais e comerciais.
O episódio amplia a tensão entre o Palácio do Planalto e Tarcísio de Freitas, que vem se consolidando como figura de destaque na oposição ao governo federal e possível presidenciável para as eleições de 2026.