Brasileira admite ter mentido sobre câncer após arrecadar mais de R$ 30 mil e causa indignação
Jovem brasileira que vive na Irlanda confessa fraude após coletar mais de 5 mil euros em doações; Comunidade brasileira e internautas reagem com revolta
Por Plox
13/08/2024 19h40 - Atualizado há cerca de 1 mês
Laís Basílio, uma jovem brasileira de 23 anos residente na Irlanda, chocou a comunidade ao admitir que mentiu sobre ter câncer para arrecadar dinheiro. Através de uma campanha criada na plataforma GoFundMe, ela conseguiu mais de 5 mil euros (cerca de R$ 30.155) sob o pretexto de que precisava de fundos para custear seu tratamento contra o câncer, uma doença que, agora se sabe, ela nunca teve. No sábado (10), Laís publicou um vídeo nas redes sociais pedindo desculpas pela mentira, o que gerou uma onda de indignação entre doadores e internautas.
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Confissão pública e consequências
"Se eu iniciei isso botando a minha cara aqui, eu vou terminar isso botando a minha cara aqui também. Estou aqui para arcar com todas as consequências, sejam quais forem", disse Laís em sua confissão pública, onde também garantiu que nenhum de seus familiares ou amigos estava envolvido na fraude. Apesar de suas desculpas, a repercussão negativa foi instantânea, levando-a a apagar todas as postagens de suas redes sociais, exceto o vídeo de desculpas. Tentativas de contato com Laís não obtiveram resposta.
Campanha falsa e desconfiança crescente
A campanha de arrecadação de fundos foi lançada no final de maio, quando Laís afirmou ter sido diagnosticada com câncer no final de 2023. Ela alegou que estava desempregada desde o diagnóstico e que precisava de apoio financeiro para cobrir suas despesas. Em sua página no GoFundMe, que continua ativa, ela agradeceu as 279 pessoas que contribuíram, tendo arrecadado mais da metade da meta de 10 mil euros (cerca de R$ 60 mil). Internautas relataram à reportagem que Laís já pedia dinheiro antes mesmo de criar a campanha, mas a história começou a ser questionada quando ela foi vista frequentando festas e bares, além de aparecer em vídeos dançando.
Entrevista enganosa e repercussão negativa
Em uma entrevista concedida em maio ao Bolder Podcast, que aborda a vida de brasileiros na Irlanda, Laís deu detalhes sobre a suposta doença, incluindo sintomas e tratamentos fictícios. Ela afirmou que os médicos não dariam continuidade ao tratamento porque os remédios já não estavam surtindo efeito e que precisaria urgentemente de um transplante de medula óssea, pois seu corpo resistiria apenas 48 dias sem tratamento. Quando a mentira veio à tona, o apresentador do podcast, Fillipe Cardoso, declarou que a comunidade ficou "extremamente chocada". Ele também mencionou que, ao confrontar Laís, as inconsistências em suas respostas aumentaram, tornando evidente que se tratava de uma fraude.
Reação de organizações e internautas
A ONG Amor, Simples de Doar, que auxilia brasileiros com câncer na Irlanda e havia ajudado a divulgar o caso de Laís, expressou sua decepção nas redes sociais. "Estamos profundamente decepcionados com as notícias recentes, mas não iremos parar. Existem outras pessoas que realmente precisam de ajuda, e vamos focar nossa energia em continuar a dar amor e apoio", declarou a organização no sábado (10).
Enquanto isso, internautas afirmam que Laís teria deixado a Irlanda e retornado ao Brasil na madrugada de domingo (11), o que intensificou ainda mais a revolta e o sentimento de traição entre aqueles que apoiaram sua falsa campanha.
Impactos para pacientes reais
O episódio de Laís Basílio levanta preocupações sobre os impactos negativos que fraudes como essa podem ter sobre pessoas que realmente necessitam de ajuda. O advogado criminal Jorge Calazans alertou que a superexposição de doenças falsas nas redes sociais pode gerar desconfiança generalizada, dificultando a captação de recursos para tratamentos legítimos e aumentando o estigma contra quem realmente enfrenta doenças graves. A advogada Claudia de Lucca Mano complementou, comparando a situação ao efeito de informações falsas que geram uma corrida por medicamentos, resultando em desabastecimento para aqueles que realmente precisam.