Evidências reforçam a presença de água líquida em Marte, sugerindo condições habitáveis

Reservatório subterrâneo de água pode cobrir toda a superfície marciana e indicar ambientes favoráveis à vida.

Por Plox

13/08/2024 08h44 - Atualizado há 5 meses

Pesquisas recentes revelam a existência de um vasto reservatório de água líquida em Marte, o que aumenta a especulação sobre a possibilidade de vida no planeta vermelho. Dados captados pela sonda InSight Lander da NASA indicam que esse reservatório poderia cobrir toda a superfície marciana com uma camada de água de até 2 quilômetros de profundidade.

Foto: Pixabay/Reprodução

Reservatório profundo e a possibilidade de vida

O estudo, liderado por Michael Manga, pesquisador da Universidade da Califórnia em Berkeley, sugere que a água está presente nos poros de rochas ígneas na crosta marciana, a uma profundidade entre 11,5 km e 20 km abaixo da superfície. Embora o acesso a essa água seja inviável para exploração em missões futuras, Manga considera que a presença desse recurso em Marte pode criar ambientes capazes de sustentar vida. “Água é necessária para a vida como conhecemos. Isso não significa que há vida em Marte, mas pelo menos tem ambientes que poderiam possivelmente ser habitados”, afirmou o pesquisador.

Bactérias extremófilas e as condições subterrâneas

Na Terra, certos microrganismos conhecidos como bactérias extremófilas conseguem sobreviver em condições extremas, como alta temperatura e pressão. Essas bactérias, que habitam quilômetros abaixo da superfície terrestre e utilizam a energia eletroquímica das rochas para sobreviver, servem como um possível modelo para formas de vida que poderiam existir em Marte sob condições semelhantes.

Oceano marciano: evidências do passado

Nos anos 1970, a sonda Mariner 9 da NASA fotografou Marte detalhadamente, revelando a existência de canais de escoamento que sugerem um passado aquático no planeta. Gustavo Porto de Mello, professor do Observatório de Valongo, destaca que a presença desses canais é uma forte evidência de que Marte possuía grandes quantidades de água. Regiões mais elevadas e crateradas no sul, contrastando com áreas mais lisas e baixas no norte, sugerem que um oceano poderia ter coberto a parte norte de Marte há cerca de 3 bilhões de anos.

Desaparecimento da água marciana

Estudos indicam que a água em Marte foi progressivamente perdida devido à dissipação de sua atmosfera, causada pela perda do campo magnético do planeta. A baixa pressão atmosférica tornou a água líquida instável na superfície, e em altitudes elevadas, a exposição aos raios UV resultou na separação das moléculas de água, com o hidrogênio se dispersando no espaço devido à fraca gravidade marciana.

Água retida na crosta

Pesquisas anteriores, como um estudo de 2021 do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), indicam que entre 30% e 99% da água marciana pode estar retida na crosta do planeta. Bruno Nascimento-Dias, pós-doutorando do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), sugere que o movimento das placas tectônicas de Marte pode ter facilitado a entrada de água na crosta, onde permaneceu retida.

Missão da InSight Lander

A InSight Lander, que operou em Marte de 2018 a 2022, coletou dados cruciais que podem ser estudados por décadas. A sonda conseguiu detectar movimentos no interior de Marte, permitindo que os cientistas comparassem esses dados com modelos terrestres de rochas e diferentes quantidades de água nos poros. Aline Novais, pós-doutoranda da Universidade de Lund, na Suécia, explica que os pesquisadores utilizaram esses dados para determinar qual modelo terrestre mais se aproxima da realidade em Marte. "De acordo com o que eles observaram dessa atividade sísmica, conseguem inferir qual desses modelos é o que mais se aproxima do que acontece em Marte", afirma Novais.

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