Turismo em Belém adota agenda climática com roteiros sustentáveis e experiências imersivas na Amazônia

Além de atrair investimentos e aumentar a competitividade, essas ações visam superar desafios na articulação entre os diversos atores envolvidos no turismo e na sustentabilidade

Por Plox

13/08/2024 15h39 - Atualizado há 2 meses

Belém, capital do Pará, está se consolidando como um importante polo de turismo sustentável, com diferentes setores se unindo para criar roteiros que não apenas exploram a riqueza natural da Amazônia, mas que também estão alinhados às metas climáticas globais. A combinação de experiências imersivas na floresta, a valorização da gastronomia regional e o apoio a sistemas produtivos sustentáveis são os pilares dessas iniciativas. Além de atrair investimentos e aumentar a competitividade, essas ações visam superar desafios na articulação entre os diversos atores envolvidos no turismo e na sustentabilidade.


Foto:  Parys Fonseca/Divulgação

Inovação em hospedagem sustentável
Um exemplo marcante dessa nova abordagem é o empreendimento de Parys Fonseca, um empreendedor do setor de hospedagem que decidiu unir a experiência de imersão na floresta Amazônica a práticas de sustentabilidade. Inspirado por uma consulta ao Sebrae do Pará, Parys adotou uma estrutura modular reciclável para construir sua hospedagem, que não só reduz o impacto ambiental, mas também oferece conforto térmico sem a necessidade de refrigeração artificial. “O processo de instalação foi muito rápido, em duas semanas eu já estava alugando para hospedagem. E eu achei ele mais interessante, porque a obra foi mais simples, o módulo se adequa ao ambiente e também é termoacústico”, afirma Fonseca.

Localizado na Ilha do Murucutu, uma das 42 ilhas que compõem Belém, o empreendimento de Parys oferece aos visitantes uma experiência única: dormir imersos na floresta amazônica, com a oportunidade de saborear pratos preparados com produtos regionais e sustentáveis. Parys também planeja expandir sua oferta, criando uma rota turística que permitirá aos visitantes conhecer a cadeia produtiva do palmito de açaí, inspirada na já existente rota do cacau na Ilha do Combu. “E o Sebrae tá me dando esse apoio de treinamento, gestão e tem sido fundamental para os moradores, os ribeirinhos e os empreendedores da região”, comenta.

COP30 em Belém e o impacto nas práticas sustentáveis
A escolha de Belém como sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) em 2025 acelerou a integração das agendas climáticas e de sustentabilidade na região. Rubens Magno, diretor-superintendente do Sebrae no Pará, destacou que o evento reforçou a importância da Amazônia no cenário global, incentivando discussões sobre práticas sustentáveis e adaptação às mudanças climáticas. “Isso gerou uma maior conscientização entre empresários e gestores públicos sobre a necessidade de integrar a sustentabilidade nas atividades turísticas, promovendo um modelo de turismo mais responsável e alinhado com as metas climáticas globais”, afirmou Magno.

Plano de Adaptação Climática para o Turismo
Entretanto, a integração entre os diferentes atores do turismo e a formulação de uma agenda climática específica para o setor foram identificadas como desafios críticos em um diagnóstico elaborado pela Câmara Temática de Sustentabilidade e Ações Climáticas do Conselho Nacional de Turismo (CNT). Este documento foi uma das bases para a criação do Plano Nacional de Turismo 2024-2027, recentemente publicado no Diário Oficial da União.

Esse plano estabelece diretrizes claras para transformar o Brasil no principal destino turístico da América do Sul até 2027, com princípios que incluem cooperação, inclusão produtiva, regionalização, transformação digital e, claro, sustentabilidade. Segundo o Ministério do Turismo, esses princípios serão aplicados nos 20 programas do plano, que foram apresentados na 8ª edição do Salão do Turismo: Conheça o Brasil, realizada no Rio de Janeiro.

Metas para o futuro do turismo no Brasil
As metas do Plano Nacional de Turismo são ambiciosas: aumentar de 312 para 400 o número de municípios turísticos no Brasil, expandir os postos de trabalho no setor, incrementar o número de viagens domésticas e atrair mais turistas internacionais. Além disso, a expectativa é que a receita gerada por visitantes estrangeiros cresça de US$ 6,6 bilhões para US$ 8,1 bilhões por ano. O ministro do Turismo, Celso Sabino, reforçou a importância dessas iniciativas: “Todo esse trabalho será fundamental para posicionar o Brasil entre as principais lideranças na promoção de um turismo sustentável, de baixo impacto ambiental e com responsabilidade social."

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