Juiz revelou pressões e desgaste enquanto atuava no gabinete de Alexandre de Moraes

Áudios divulgados mostram desabafo de Airton Vieira sobre situação emocional e física ao trabalhar com o ministro do STF

Por Plox

13/08/2025 06h52 - Atualizado há 2 dias

O juiz Airton Vieira, que atuou como auxiliar do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF) por quase sete anos, descreveu em áudios momentos de intensa pressão vividos dentro do gabinete. O conteúdo das conversas, tornadas públicas nesta terça-feira (12) pelo portal Metrópoles, revela que o magistrado dizia ter atingido o limite de resistência física, psicológica e emocional.


Imagem Foto: STF


A gravação, datada de 14 de janeiro de 2023, foi direcionada a Eduardo Tagliaferro, então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), período em que a Corte Eleitoral estava sob presidência de Moraes.
“Olha, realmente a coisa está feia, viu? Eu não estou aguentando mais em termos físicos, psicológicos, emocionais... Eu não consigo dormir sossegado, eu não tenho tranquilidade, eu estou perdendo completamente a higidez mental, o pouco que eu ainda tinha, viu? Realmente a coisa está feia”

, disse Vieira.

Ele relatou ainda que interferências constantes, inclusive em questões relacionadas a audiências de custódia, tornaram seu trabalho cada vez mais difícil. O juiz afirmou já ter pensado em antecipar seu retorno ao cargo de desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, decisão que vinha amadurecendo havia algum tempo.



Segundo Vieira, as pressões não se restringiam ao ambiente de trabalho e acabaram afetando também sua vida pessoal. “Minha família está sendo extremamente prejudicada e toda essa situação, além de tudo, do trabalho. Porque se a situação do trabalho fosse boa, tudo bem, mas essa situação, sabe? Pressão para tudo quanto é lado, cobrança, o que a gente fala não tem crédito, tudo para anteontem”, declarou.


Ele chegou a mencionar que evitava antecipar sua saída para não dar a impressão de abandonar o cargo em meio a um momento delicado para o ministro. Ainda assim, deixou claro o peso emocional que enfrentava.



Eduardo Tagliaferro, destinatário da mensagem, é investigado pelo vazamento de conversas de WhatsApp trocadas com integrantes do gabinete de Moraes. A Polícia Federal chegou a indiciá-lo por violação de sigilo funcional com prejuízo à administração pública. Recentemente, em 8 de agosto, Alexandre de Moraes rejeitou um pedido da defesa de Tagliaferro para ter acesso ao inquérito que apura o caso.


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