A Cachoeira do Bom Despacho, em Santa Cruz de Minas, sofreu um impacto drástico devido à estiagem prolongada que já ultrapassa 100 dias. O atrativo, conhecido por suas águas cristalinas e popular entre turistas e moradores, secou completamente nesta semana, deixando a área rochosa, antes coberta por uma pequena represa de água corrente, com apenas poços de água parada.

Primeira vez completamente seca

De acordo com Augusto César, porta-voz da Prefeitura de Santa Cruz de Minas, a diminuição do volume de água começou há cerca de 15 dias, culminando com a secagem total na última quinta-feira (12). "Secar desta forma ainda não [não tinha visto]. Em outras estiagens, corria um filete de água. Mas, desta forma, na diminuição do nível da água, não", afirmou César.

Moradores locais, como o aposentado Ronan José Guimarães, expressaram sua tristeza com a mudança na paisagem. "Passo na cachoeira todo dia. A água é sempre cristalina, limpinha, parecendo uma piscina tratada. Estou chocado em ver. Você olha e não tem água. Tem quem vem e deita na pedra, mas não é a mesma coisa", relatou Guimarães.

Impactos no turismo e meio ambiente

A seca não afeta apenas a estética da região; o impacto ambiental e turístico é significativo. Embora a água da cachoeira não seja usada no abastecimento da cidade, a ausência do fluxo de água interfere no ecossistema local e na visitação turística, que teve uma grande redução, segundo a prefeitura. "Impacta na forma indireta. A água daqui não é utilizada no abastecimento da cidade, mas impacta na questão ambiental, turística e de lazer da população de Santa Cruz de Minas e da região", explicou Augusto César.

Patrícia Aparecida dos Santos, comerciante da região, compartilhou sua decepção ao ver a cachoeira seca. "Sempre fui na cachoeira. Ela é o quintal da minha casa, de tão perto que fica. Passar ali e não ter nem um pinguinho de água é muito triste. Nem me recordo quando ela ficou seca assim".

Rota histórica afetada

A Cachoeira do Bom Despacho faz parte da rota do caminho velho da Estrada Real, um trajeto histórico entre Tiradentes e São João del Rei, e está incluída na Área de Preservação Ambiental (APA São José). Além do impacto ambiental, a falta de água prejudica a experiência dos visitantes que percorrem essa rota, famosa por suas belezas naturais.