EUA mantêm restrição a mísseis de longo alcance na Ucrânia sob pressão de Putin

A administração Biden enfrenta impasse sobre uso de armamentos de longo alcance por Kiev, enquanto tensões com a Rússia aumentam na guerra na Ucrânia

Por Plox

13/09/2024 15h32 - Atualizado há 4 meses

Os Estados Unidos decidiram, ao menos por enquanto, manter a proibição do uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia em ataques diretos contra a Rússia. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (13), após pressões de Moscou. Vladimir Putin havia alertado que autorizar tal ação seria interpretado como uma declaração de guerra entre as maiores potências nucleares do mundo.

Foto: Reprodução

Tensões entre EUA e Rússia crescem com ameaças de guerra nuclear

A decisão americana vem em meio a um delicado contexto diplomático. Na véspera, Putin reiterou o posicionamento da Rússia, afirmando que a liberação desses armamentos resultaria em um confronto direto entre os países da OTAN e a Rússia. No plenário da ONU, representantes russos reforçaram o recado de que a escalada militar seria inevitável caso Kiev receba autorização para atacar com armas de longo alcance.

John Kirby, porta-voz de segurança nacional dos Estados Unidos, declarou: “Não há mudança na nossa visão acerca do provimento de capacidades de ataques de longo alcance para a Ucrânia usar dentro da Rússia”. Segundo ele, não há previsão de novos anúncios nesse sentido, mantendo uma posição ambígua, porém alinhada à estratégia de evitar uma escalada direta com Moscou.

Armas de longo alcance e o papel dos aliados europeus

Apesar das negativas dos EUA, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski tem intensificado os pedidos para poder usar mísseis contra bases militares russas. Até agora, o uso dessas armas tem sido limitado a alvos nas áreas fronteiriças, o que tem frustrado a liderança ucraniana.

Há especulações sobre uma possível manobra para contornar a negativa americana, com o fornecimento de mísseis de aliados europeus, como França e Reino Unido. Os mísseis de cruzeiro Storm Shadow/Scalp-EG, de fabricação franco-britânica, já foram usados pela Ucrânia na Crimeia, e poderiam ser uma alternativa. Entretanto, o premiê alemão Olaf Scholz reiterou que não autorizará o uso de mísseis de fabricação alemã, como o modelo Taurus, mantendo a oposição à escalada.

A escalada militar russa e a resposta da Ucrânia

Enquanto isso, a guerra continua a se intensificar. A Rússia lançou novos ataques aéreos, mirando, sobretudo, a infraestrutura energética ucraniana. Kiev afirmou ter abatido 24 dos 26 drones lançados pelos russos nesta sexta-feira, em mais um capítulo do conflito. Na quinta-feira (12), a Ucrânia acusou Moscou de atacar um cargueiro de grãos no Mar Negro, ampliando o escopo da guerra. O Kremlin, no entanto, não comentou sobre o incidente.

O avanço russo se concentra na região de Donetsk, enquanto uma contraofensiva russa foi lançada em Kursk, uma área invadida pelos ucranianos há pouco mais de um mês. A situação parece cada vez mais crítica, com Putin buscando consolidar ganhos territoriais estratégicos no leste ucraniano.

Diplomacia em crise: expulsão de diplomatas e retaliação

No plano diplomático, as tensões aumentaram com a expulsão de seis diplomatas britânicos de Moscou, sob alegações de espionagem. O Serviço Federal de Segurança (FSB), sucessor da KGB, declarou que as atividades dos diplomatas ameaçavam a segurança da Federação Russa. Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, afirmou que a decisão não visa um rompimento de relações com o Reino Unido, mas reforçou que Putin estava falando sério ao ameaçar uma guerra direta com a OTAN.

A resposta britânica deve seguir o protocolo de reciprocidade, com a expulsão de diplomatas russos em Londres. Esse tipo de retaliação não é novidade nas relações entre os dois países. Em 2018, o Reino Unido expulsou diplomatas russos após o envenenamento do ex-espião Serguei Skripal, em um incidente que quase levou ao rompimento total de relações entre as nações.

Manobras militares globais e a aliança com a China e a Coreia do Norte

Paralelamente, a Rússia está conduzindo o maior exercício naval desde a Guerra Fria, com bombardeiros sendo interceptados por caças da OTAN. Navios chineses também participam das manobras no Pacífico, em uma demonstração de unidade contra o que Moscou e Pequim consideram ser a hegemonia forçada dos EUA.

Em resposta, a China protestou contra o trânsito de dois navios de guerra alemães pelo estreito de Taiwan, considerado por Pequim como parte de seu território. É a primeira vez em 20 anos que isso acontece, evidenciando um aumento nas tensões na região asiática.

Além disso, o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Serguei Choigu, esteve na Coreia do Norte, onde se encontrou com o ditador Kim Jong-un. A visita ocorre no contexto de um acordo de defesa mútua assinado entre os dois países este ano, com o Ocidente acusando Pyongyang de fornecer munição e mísseis à Rússia em troca de apoio militar.

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