PF investiga morte de imigrante ganense após falta de atendimento em aeroporto de SP
Evans Osei Wusu, de 39 anos, morreu de infecção generalizada após enfrentar dificuldades para receber auxílio médico enquanto estava retido no Aeroporto de Guarulhos. Caso é investigado pela Polícia Federal e Polícia Civil.
Por Plox
13/09/2024 16h00 - Atualizado há 3 meses
A Polícia Federal (PF) anunciou nesta sexta-feira (13) que vai investigar a morte de Evans Osei Wusu, um imigrante de Gana de 39 anos que faleceu após passar mal no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. O pedido de apuração foi feito pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Diretoria de Polícia Administrativa da PF, no dia 10 de setembro.
Ação do Ministério da Justiça
O secretário nacional de Justiça, Jean Keiji Uema, solicitou que a PF tomasse "as providências necessárias à apuração dos fatos no âmbito das competências da Polícia Federal". Inicialmente, a PF havia informado que não seria responsável pela investigação, mas com o pedido do ministério, um processo investigatório foi aberto.
Em nota, a PF declarou: "Informamos que, em razão da solicitação do MJSP, a PF, por meio de procedimento investigatório, irá trabalhar no sentido de esclarecer os fatos que antecederam e posteriormente levaram a óbito o imigrante, nacional de Gana".
Relatos da família e causas da morte
Evans Osei Wusu estava retido no Aeroporto de Guarulhos desde o início de agosto, após ser deportado do México, onde buscava tratamento médico para uma cirurgia na coluna. A família de Evans relatou que ele enfrentou dificuldades para conseguir atendimento médico, mesmo apresentando um quadro de infecção urinária que evoluiu para infecção generalizada, como apontado em sua certidão de óbito.
Segundo sua prima, Priscilla Osei Wusu, Evans pediu ajuda para ser encaminhado a um hospital, mas só foi atendido após outros imigrantes pressionarem as autoridades do aeroporto. Ele foi levado ao Hospital Geral de Guarulhos em 11 de agosto, mas faleceu dois dias depois, em 13 de agosto.
Investigação em curso
Além da PF, a Polícia Civil de São Paulo já havia instaurado um inquérito para apurar a morte de Evans, conduzido pela Delegacia de Atendimento ao Turista (Deatur) no Aeroporto de Guarulhos. A Secretaria de Segurança Pública afirmou que diligências e oitivas estão sendo realizadas para esclarecer os fatos.
A Defensoria Pública da União (DPU) também acompanha o caso, enquanto a Comissão Mista Permanente sobre Migrações Internacionais e Refugiados do Congresso Nacional solicitou ao Ministério da Justiça informações sobre as circunstâncias da morte do imigrante. O Ministério Público Federal (MPF) abriu um procedimento de apuração e decidirá em 30 dias se dará prosseguimento à investigação ou se o caso será arquivado.
Vídeo mostra atendimento no aeroporto
Imagens obtidas pela TV Globo e pelo g1 mostram o momento em que Evans recebeu atendimento médico no dia 11 de agosto, no Aeroporto de Guarulhos. Ele aparece sentado na área restrita para imigrantes, sem camisa, enquanto uma equipe de saúde se aproxima para atendê-lo. Evans foi colocado em uma cadeira de rodas e levado para o hospital, onde faleceu dois dias depois.
Controvérsias sobre o enterro
A família de Evans também alega que não foi informada sobre o sepultamento do imigrante, realizado pela Prefeitura de Guarulhos após 16 dias sem resposta da embaixada de Gana. Segundo a prefeitura, o corpo apresentava sinais de deterioração, e o sepultamento foi realizado no Cemitério Necrópole do Campo Santo, em Guarulhos, com autorização do Instituto Médico Legal (IML).
Priscilla expressou a indignação da família: "Como o hospital pode ter enterrado meu primo sem o consentimento da família? Como puderam fazer isso? Para nós, isso não é algo trivial. Temos que prestar uma homenagem aos mortos, é algo muito importante e sério em nossa cultura".
Atuação das autoridades e responsabilidades
A GRU Airport, concessionária responsável pelo Aeroporto de Guarulhos, afirmou que os imigrantes retidos no local estão sob responsabilidade das companhias aéreas até que seja concluído o processo de admissão no país pela PF. A Latam, companhia aérea que transportou Evans, declarou que lamenta profundamente o ocorrido e que seguiu todos os procedimentos, incluindo a solicitação de atendimento médico e o contato com as autoridades brasileiras e ganenses.