Condenação de Bolsonaro acirra crise diplomática com os EUA

Decisão do STF sobre o ex-presidente gera reações duras de autoridades americanas e pode intensificar sanções econômicas contra o Brasil

Por Plox

13/09/2025 07h16 - Atualizado há cerca de 9 horas

A recente condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de sete de seus aliados por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa provocou uma forte reação por parte do governo dos Estados Unidos, especialmente entre integrantes da administração do presidente Donald Trump.


Imagem Foto: Reprodução


O clima entre os dois países, que já enfrentava turbulência com a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, se intensificou após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). As críticas públicas vindas de Washington, em especial dos principais nomes da diplomacia americana ligados a Trump, deram o tom do que pode ser uma escalada de sanções.


O secretário de Estado Marco Rubio foi um dos primeiros a se manifestar, classificando o ministro Alexandre de Moraes como “violador de direitos humanos” e acusando o magistrado de promover “perseguições políticas”. $&&$“Os Estados Unidos responderão adequadamente a essa caça às bruxas”$, ameaçou Rubio.


Na mesma linha, Christopher Landau, vice-secretário do Departamento de Estado, disse que o relacionamento entre os dois países vive “o ponto mais sombrio em dois séculos”. Darren Beattie, subsecretário de Diplomacia Pública, chamou a condenação de “censura” e declarou que o caso é tratado “com a maior seriedade” pelo governo americano.


O Congresso dos EUA também se envolveu. O deputado Rich McCormick, do Partido Republicano, expressou apoio a sanções contra autoridades do STF e criticou o que chamou de ataque à democracia. Ele foi enfático:
“A justiça está chegando e Moraes e todos os que permitem seus abusos serão severamente punidos”

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O Itamaraty respondeu às ameaças por meio de nota oficial, afirmando que continuará defendendo a soberania nacional contra qualquer tentativa de interferência externa. “Ameaças como a feita hoje pelo secretário de Estado norte-americano não intimidarão a nossa democracia”, declarou o Ministério das Relações Exteriores.



De forma mais contida, o presidente Donald Trump comentou que achava Bolsonaro “um bom presidente” e classificou como “surpreendente” a condenação, mas evitou declarações sobre sanções. “Mas é só isso que eu posso dizer”, concluiu.


A tensão ganhou um novo capítulo com uma declaração da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, que chegou a cogitar a possibilidade de intervenção militar dos EUA no Brasil, caso a situação se agravasse. Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, minimizou essa possibilidade “nesse momento”, mas alertou sobre o risco de o Brasil enfrentar pressões similares às que foram aplicadas à Venezuela.



Ele chegou a sugerir que, futuramente, seria possível uma ação militar com envio de caças F-35 e navios de guerra, caso a “situação política se cristalize sem participação da oposição, com censura e prisões políticas”. Ainda segundo Eduardo, sanções diplomáticas devem continuar e se intensificar. À agência Reuters, ele afirmou que espera punições contra os ministros Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, que votaram pela condenação de Bolsonaro, com base na Lei Magnitsky.


No momento, o Brasil já sofre com medidas impostas pelos EUA. Além da tarifa geral de 50% sobre exportações, o país teve produtos como celulose e ferro-níquel retirados da lista de tarifados, mas outras sanções seguem em vigor. Alexandre de Moraes, por exemplo, foi diretamente afetado pela aplicação da Lei Magnitsky, que resultou no congelamento de bens, proibição de transações com americanos e anulação de vistos, inclusive de familiares.



A crise institucional e diplomática entre os dois países se agrava a cada declaração, e as próximas semanas devem indicar se o cenário se encaminha para um conflito diplomático mais intenso ou para uma tentativa de distensão.


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