Unileste recebe líder indígena Ailton Krenak no 4º Seminário de Educação
Evento gratuito e aberto ao público propõe debate sobre preservação ambiental e protagonismo dos povos originários do Brasil
Por Plox
13/10/2021 15h14 - Atualizado há cerca de 3 anos
O Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste) realiza no dia 18 de outubro, a partir das 19 horas, a 4ª edição do Seminário de Educação, realizado pelo curso de Pedagogia. A programação on-line terá transmissão ao vivo pelo Youtube e será aberta a toda comunidade. Com o tema “Ideias para adiar o fim do mundo: que humanidade queremos ser?”, o evento contará com a participação e palestra do poeta, filósofo e ambientalista indígena Ailton Krenak. O tema do Seminário faz referência à obra do autor convidado, lançada em 2019, a qual aborda a relação dos povos indígenas com a terra, a casa comum, e o futuro da humanidade.
Segundo a coordenadora do curso de Pedagogia do Unileste, Ma. Maria Aparecida de Souza Silva, a temática se faz necessária para apresentar e dar visibilidade a perspectiva dos povos originários sobre a apropriação e uso dos recursos naturais, além de promover a conscientização sobre a necessidade de cuidar do meio ambiente. “Precisamos aprender com a população indígena a habitar a Terra de uma outra maneira, para construirmos uma humanidade mais empática e cuidadosa com a natureza”, afirma a coordenadora.
Ideias para adiar o fim do mundo
Segundo relatório desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) no ano de 2019, a ação do homem na natureza tem provocado poluição, mudanças climáticas e a perda da biodiversidade em um nível inaceitável, que colocará em risco a qualidade de vida da geração de hoje e de amanhã, além de levar outras espécies à extinção.
Na contramão do resto do planeta, o documento destaca que nas terras ocupadas pelos indígenas, os impactos negativos no meio ambiente são significativamente menores. Contudo, nesses locais, a urbanização, a ampliação da agricultura e da mineração representam uma ameaça às comunidades formadas pelos povos originários.
No livro Ideias para adiar o fim do mundo, Ailton Krenak - um dos maiores líderes indígenas do Brasil e ativista do movimento socioambiental – destaca a importância da relação de respeito entre os indígenas e a terra que habitam, e como o desenvolvimento sustentável, se adotado, preservaria a saúde ambiental, o bem-estar dos organismos e a conexão entre o homem e a Terra.
Essa e outras obras do autor, como os livros A vida não é útil e Caminhos para a cultura do bem-viver, foram estudadas durante o semestre pelo curso de Pedagogia. A partir do estudo, os estudantes refletiram sobre a importância da diversidade sociocultural para a construção dos saberes profissionais e experienciais na formação pedagógica. O objetivo foi analisar os conceitos e as concepções da cultura indígena, mais especificamente da etnia Krenak, bem como seus modos de olhar para humanidade em seus feitos contrários à vida na terra.
Sobre o palestrante
Poeta, escritor e ambientalista, Ailton Alves Lacerda Krenak luta desde os anos 1980 pelos direitos indígenas. Em 1987 ganhou projeção ao discursar na Assembleia Nacional Constituinte durante a elaboração da Constituição de 1988, onde defendeu os artigos relacionados aos direitos indígenas e protestou, com o rosto pintado com a tinta preta do jenipapo, contra os retrocessos e ataques aos territórios e tradições indígenas. Em 2016, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
Ailton faz parte da etnia indígena Krenak, que possui comunidade em Minas Gerais, no Vale do Rio Doce – região geográfica onde está localizada a Região Metropolitana do Vale do Aço – e em outros estados brasileiros, como São Paulo e Mato Grosso. Os Krenak são conhecidos pelos botoques auriculares e labiais que os membros das comunidades usavam. Hoje, a utilização dos acessórios culturais é menos presente entre as gerações mais jovens.