Lula pede menos austeridade e mais ação global contra a fome
Em evento internacional em Roma, presidente brasileiro defende revisão de prioridades econômicas e destaca políticas que tiraram o Brasil do Mapa da Fome
Por Plox
13/10/2025 10h33 - Atualizado há cerca de 5 horas
Durante discurso realizado nesta segunda-feira (13), na capital italiana, Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo para que o combate à fome seja colocado no centro das políticas públicas e criticou severamente os programas de ajuste fiscal que, segundo ele, não devem ser tratados como objetivos finais da política econômica.

Na cerimônia de abertura da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza — iniciativa idealizada pelo Brasil durante sua presidência no G20 —, Lula dirigiu sua mensagem a países doadores e instituições financeiras multilaterais. Ele ressaltou que a humanidade precisa reavaliar suas prioridades:
“Programas de ajuste fiscal não são um fim em si mesmo que justifiquem a redução do investimento em desenvolvimento humano e social”
, afirmou o presidente.
Lula pontuou que o estímulo à economia passa, necessariamente, pela inclusão social. Segundo ele, investir em ações de enfrentamento à fome e à pobreza é o caminho mais eficaz para aquecer o mercado, aumentar o consumo e promover novos ciclos de desenvolvimento. Ele alertou ainda para a queda de 23% na ajuda ao desenvolvimento de países pobres em comparação com o período anterior à pandemia, situação que impacta especialmente o continente africano.
“É hora de colocar os pobres no orçamento”, disse o presidente, reforçando que a inclusão social precisa estar refletida diretamente nos investimentos públicos e nos planos de transformação econômica.
No mesmo pronunciamento, Lula celebrou o fato de o Brasil ter sido oficialmente retirado do Mapa da Fome das Nações Unidas. Ele atribuiu essa conquista a um conjunto de políticas articuladas, como programas de transferência de renda, fortalecimento da agricultura familiar, merenda escolar, geração de empregos e reajustes no salário mínimo.
Ele também aproveitou a ocasião para mencionar a recente aprovação, pela Câmara dos Deputados, do projeto de lei que eleva a faixa de isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil mensais. A proposta inclui ainda a taxação de pessoas com rendimentos acima de R$ 600 mil anuais.
A agenda presidencial em Roma contou ainda com uma visita ao Vaticano. Lula e a primeira-dama, Janja da Silva, participaram de uma reunião de 30 minutos com o papa Leão XIV, onde discutiram temas como fé, os desafios globais e a situação do Brasil. Durante o encontro, Lula convidou o pontífice para comparecer à Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), prevista para novembro de 2025, em Belém (PA).
No mesmo dia, o presidente também esteve presente na abertura do Fórum Mundial da Alimentação 2025, promovido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que celebra seus 80 anos de fundação.
Antes de retornar ao Brasil, Lula terá um encontro bilateral com o primeiro-ministro de Bangladesh, Muhammad Yunus, encerrando sua participação na série de eventos ligados à segurança alimentar e cooperação internacional.