A menos de um ano para o início oficial da campanha eleitoral de 2026, os bastidores do governo federal começam a se agitar. Ao menos 17 ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam deixar seus cargos para disputar cargos eletivos no próximo pleito. O prazo final para desincompatibilização, que exige o afastamento de funções públicas para concorrer a eleições, termina em 4 de abril de 2026.

No Senado, diversos nomes do primeiro escalão aparecem como pré-candidatos. Alexandre Silveira (PSD), atual ministro de Minas e Energia, tenta novamente uma vaga por Minas Gerais. Em 2022, ele ficou em segundo lugar, com 35,79% dos votos, atrás de Cleitinho Azevedo (Republicanos).

Outro que mira o retorno ao Senado é Carlos Fávaro (PSD), ministro da Agricultura e senador licenciado por Mato Grosso. Ele tem apoio direto de Lula, que já destacou publicamente:

"Com esse diploma, ele garantiu o ministério até começo do ano que vem para depois sair e ser candidato\

, afirmou o presidente durante evento da OMSA.

Silvio Costa Filho (Republicanos), ministro de Portos e Aeroportos, também confirmou intenção de concorrer por Pernambuco. Mesmo com o Republicanos sendo a legenda de Tarcísio de Freitas, adversário de Lula em São Paulo, Silvio declarou apoio ao presidente:

“Estou pronto, preparado e disposto para representar Pernambuco no Senado”

, disse em entrevista à Rádio Folha.

Na mesma linha, Celso Sabino (União), do Turismo, e André Fufuca (PP), do Esporte, também são cotados para disputar o Senado, mesmo com seus partidos tendo distanciamento da gestão petista.

Rui Costa (PT), da Casa Civil e aliado direto de Lula, pretende se candidatar ao Senado pela Bahia.

“Meu nome está colocado sim para uma vaga ao Senado. Conversei com o presidente Lula”

, declarou à rádio Salvador FM. No entanto, sua postulação dependerá de acordos com Jaques Wagner (PT) e Angelo Coronel (PSD), ambos também com interesses na disputa baiana.

Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda, é citado para o Senado por São Paulo ou até para disputar o governo estadual, mas segue afirmando que não irá concorrer em 2026.

Na Câmara dos Deputados, três ministros já indicaram planos de candidatura. Paulo Teixeira (PT), do Desenvolvimento Agrário, e Luiz Marinho (PT), do Trabalho, são deputados licenciados e devem buscar reeleição. Já Wolney Queiroz (PDT), da Previdência, tenta voltar à Casa.

Anielle Franco (PT), da Igualdade Racial, avalia uma possível candidatura pelo Rio de Janeiro, tanto à Câmara quanto ao Senado.

Outros nomes ainda não definiram seus caminhos. Gleisi Hoffmann (PT), das Relações Institucionais, pode concorrer à reeleição como deputada. Jader Filho (MDB), das Cidades, é cotado para representar o Pará na Câmara. André de Paula (PSD), da Pesca, aparece como possível candidato ao Senado por Pernambuco.

Para os governos estaduais, duas figuras se destacam. Renan Filho (MDB), atual ministro dos Transportes e senador licenciado, lidera as pesquisas para o governo de Alagoas, cargo que já ocupou entre 2015 e 2022. Em São Paulo, Márcio França (PSB), do Empreendedorismo, é mencionado como possível candidato ao Palácio dos Bandeirantes, que comandou brevemente em 2018.

Com o prazo de desincompatibilização se aproximando, as próximas semanas serão decisivas para que Lula reorganize seu time ministerial, diante da provável saída de quase metade de seus ministros para a disputa eleitoral.

Esse cenário indica uma nova fase de articulação dentro do governo federal, que deve redefinir sua composição ao longo do primeiro semestre de 2026, enquanto o país se prepara para um dos pleitos mais disputados dos últimos anos.