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Saúde

OMS emite alerta global sobre avanço de superbactérias resistentes

Relatório mostra crescimento preocupante na resistência a antibióticos, especialmente em países com sistemas de saúde frágeis

13/10/2025 às 21:53 por Redação Plox

Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelaram que uma em cada seis infecções bacterianas registradas entre 2018 e 2023 apresentou resistência a antibióticos, sinalizando uma crescente ameaça à saúde pública global. O alerta foi feito com base no relatório do Sistema Global de Vigilância da Resistência e do Uso de Antimicrobianos (Glass), divulgado nesta segunda-feira (13).

Imagem Foto: Pixabay


Durante esse período, mais de 40% das combinações entre bactérias e antibióticos analisadas apresentaram aumento nos níveis de resistência. A taxa média de crescimento anual oscilou entre 5% e 15%, com as regiões do Sudeste Asiático e do Mediterrâneo Oriental registrando os maiores índices: uma em cada três infecções mostrou resistência. Na África, esse índice foi de uma em cada cinco.


Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, reforçou a gravidade do problema:
“A resistência antimicrobiana está avançando mais rápido que os progressos da medicina moderna, ameaçando a saúde das famílias em todo o mundo”

. Ele ressaltou a necessidade de uso racional dos antibióticos e de acesso a medicamentos, vacinas e diagnósticos de qualidade.


As bactérias gram-negativas, como a Escherichia coli e a Klebsiella pneumoniae, foram apontadas como as maiores responsáveis por infecções resistentes, especialmente na corrente sanguínea. Mais de 55% das cepas de K. pneumoniae e 40% das de E. coli já não respondem às cefalosporinas de terceira geração, principal linha de tratamento. Em algumas regiões da África, essa taxa ultrapassa os 70%.


Outros antibióticos amplamente utilizados, como fluoroquinolonas e carbapenêmicos, também perderam eficácia contra patógenos como Salmonella spp. e Acinetobacter spp., levando à necessidade do uso de medicamentos de última linha — caros, escassos e muitas vezes indisponíveis em países com menos recursos.


No Brasil, as infecções sanguíneas foram as mais preocupantes, com o Staphylococcus aureus liderando entre os patógenos mais prevalentes (36,9%). Mais da metade dos casos (52,8%) apresentaram resistência à meticilina. Já a K. pneumoniae e a E. coli representaram, respectivamente, 25,5% e 25,9% das infecções, com altos índices de resistência: 41,1% da K. pneumoniae ao imipenem e 34,6% da E. coli às cefalosporinas de terceira geração.


Em casos de infecção urinária, a E. coli mostrou 46,8% de resistência ao cotrimoxazol e também altos índices frente às fluoroquinolonas (37,5%) e cefalosporinas (25,8%).


O relatório da OMS analisou dados de 104 países, abrangendo o uso de 22 antibióticos para o tratamento de infecções urinárias, intestinais, na corrente sanguínea e gonorreia. Foram monitoradas oito espécies bacterianas, incluindo as que mais preocupam os sistemas de saúde atualmente.


Apesar do avanço na participação de países no sistema de vigilância — de 25 em 2016 para 104 em 2023 —, a OMS destacou que 48% dos países não enviaram dados no último ano. Entre os que relataram, cerca da metade ainda não conta com sistemas capazes de gerar dados confiáveis.


A organização destaca que o combate à resistência antimicrobiana depende da ampliação da vigilância, diagnóstico eficiente e desenvolvimento de antibióticos inovadores. Em 2024, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma declaração política para combater o problema, estabelecendo metas até 2030, com foco em fortalecer os sistemas de saúde e integrar ações nas áreas humana, animal e ambiental.


A OMS conclui que, sem ação coordenada, o mundo corre risco de retroceder no tratamento de infecções comuns, transformando doenças tratáveis em ameaças letais.

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