O Partido dos Trabalhadores (PT), liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, iniciou um movimento de reaproximação com as grandes empresas de tecnologia — conhecidas como Big Techs — em busca de fortalecer sua presença no ambiente digital e reduzir resistências às propostas de regulação defendidas pelo governo.
Foto: Divulgação/Kwai O novo secretário de Comunicação do partido, Éden Valadares, afirmou em entrevista ao portal Metrópoles que o diálogo com essas empresas foi retomado recentemente e que a legenda pretende desenvolver um trabalho de qualificação da militância para ampliar o alcance de suas mensagens nas redes sociais. Segundo ele, o foco atual está voltado especialmente para o Kwai, uma plataforma chinesa que tem ganhado relevância entre as classes populares.
Éden explicou que o PT chegou a manter conversas com representantes das Big Techs anos atrás, mas o processo foi interrompido durante o governo Donald Trump, quando os Estados Unidos impuseram restrições comerciais ao Brasil. Agora, com a mudança na direção partidária, o diálogo foi retomado. “Estamos conversando desde o fim de agosto com essas plataformas, individualmente. Primeiro para restabelecer a relação institucional, e depois para apresentar nossa proposta de regulação e desfazer equívocos. Elas não têm uma visão única sobre o tema”, disse o secretário.
O dirigente destacou ainda a importância de preparar a militância digital. “Defendemos que o que é crime na vida real também deve ser crime no ambiente virtual. Mas, além disso, queremos oferecer formação e treinamento aos militantes, para que se tornem produtores de conteúdo e agentes ativos na disputa de narrativas”, afirmou.
Essa reaproximação resultou na organização de um seminário de comunicação, com o apoio das principais plataformas, incluindo TikTok, Instagram, YouTube e Kwai. A partir da próxima semana, serão realizadas oficinas voltadas exclusivamente a filiados e simpatizantes do PT, com o objetivo de aperfeiçoar a atuação digital do partido.
“Boa parte do eleitorado do PT, principalmente das classes C, D e E, está muito mais no Kwai do que nas outras plataformas. O militante chegou antes do partido, e nós precisamos estar onde ele está”, destacou Éden Valadares.
Segundo ele, o Kwai se tornou um espaço estratégico por reunir o público que historicamente mais se identifica com o partido. A rede, que alcançou 60 milhões de usuários no Brasil em 2024, privilegia conteúdos regionais e influenciadores locais, o que facilita o engajamento comunitário e a disseminação de mensagens políticas.
Além das parcerias digitais, o PT também prepara o lançamento de um aplicativo próprio de mobilização. A nova plataforma deve ser lançada em fevereiro de 2026 e servirá para promover ações de engajamento, consultas internas e incentivo à criação de conteúdo entre filiados e simpatizantes. “Queremos criar um sistema de ranking e gamificação, sem envolver dinheiro, para estimular a participação e transformar cada petista em um produtor de conteúdo”, explicou o secretário.
Com essas medidas, o partido pretende modernizar sua comunicação e se adaptar ao cenário digital que domina a disputa política, especialmente às vésperas das eleições de 2026.