Brasil enfrenta desafios com altas taxas de prematuridade
País ocupa décimo lugar em nascimentos prematuros no mundo; condição é a principal causa de mortalidade infantil
Por Plox
13/11/2023 06h55 - Atualizado há mais de 1 ano
No Brasil, mais de 900 bebês nascem prematuramente todos os dias, colocando o país no décimo lugar mundial em nascimentos prematuros, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). A prematuridade, que ocorre quando o nascimento acontece antes da 37ª semana de gestação, é a principal causa de mortalidade infantil no país. De acordo com o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), entre 2011 e 2021, a taxa de prematuridade no Brasil foi de 11,1%. Esta taxa é significativa, considerando que globalmente varia de 5% a 18%. Anualmente, isso representa cerca de 340 mil bebês, uma realidade que desafia a saúde pública brasileira.

Causas e Prevenção
A prematuridade pode ser atribuída a uma variedade de fatores sociais, ambientais e maternos. Wania Calil Nicoliello, médica pediatra, neonatologista e intensivista, e coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin) Santo Agostinho da Rede Mater Dei de Saúde, explica que estes fatores de risco incluem hipertensão, diabetes, infecções uterinas e urinárias, incompetência do colo uterino, descolamento prematuro de placenta, gestação múltipla, idade materna avançada ou muito jovem, entre outros. A prevenção do parto prematuro começa antes da gestação, com planejamento familiar e acompanhamento pré-natal adequado, incluindo consultas, exames e tratamento de doenças maternas e fetais, para um parto seguro e humanizado.
Atendimento Especializado
Nicoliello destaca a importância dos cuidados especiais em Utins para bebês prematuros, com assistência qualificada de equipes multiprofissionais, protocolos baseados em evidências científicas e tecnologias avançadas. O aleitamento materno é incentivado, e o Método Canguru é promovido para fortalecer o vínculo entre pais e bebê, melhorando a estabilidade térmica e respiratória do recém-nascido, além de outros benefícios.
Desafios e Tratamento
A médica alerta sobre as possíveis sequelas em bebês prematuros, como doença pulmonar crônica, retinopatia da prematuridade, hemorragias intracranianas, e sequelas neurológicas, auditivas e cognitivas. O tratamento e prevenção dessas sequelas envolvem monitorização contínua, uso racional de oxigênio, controle de infecções, nutrição adequada e acompanhamento multiprofissional pós-alta.
Acompanhamento Pós-Alta
Após a alta hospitalar, os bebês prematuros precisam de acompanhamento periódico por uma equipe multiprofissional para avaliar e intervir em problemas de desenvolvimento. Os cuidados incluem manutenção da amamentação, vacinação em dia, estimulação adequada, proteção contra infecções, e higiene apropriada. Os pais recebem orientação da equipe para dar continuidade ao tratamento do bebê.
Conscientização
Finalmente, Nicoliello ressalta a importância de sensibilizar a sociedade sobre a prematuridade e promover ações preventivas e assistenciais. A campanha Novembro Roxo, marcada pelo dia 17 de novembro, é uma oportunidade estratégica para aumentar a consciência pública sobre esta questão crítica de saúde pública.