Morte de corredor em meia-maratona de São Paulo expõe falhas no socorro e organização

Atletas relatam demora no atendimento e falta de comunicação; organizadora afirma que estrutura seguiu exigências

Por Plox

13/11/2024 12h43 - Atualizado há 28 dias

No último domingo (10), o corredor amador Marcelo Mariano da Silva, de 52 anos, morreu após passar mal durante a Meia de Sampa, corrida realizada na Zona Oeste de São Paulo. Marcelo, identificado pelo número 8080, estava no quilômetro 19 da prova de 21 quilômetros quando caiu e teve de aguardar socorro médico, que, de acordo com testemunhas, demorou quase 30 minutos para chegar.

Foto: Arquivo pessoal

Desorganização e críticas ao atendimento

A corrida foi organizada pela empresa Tríade, sob a supervisão técnica da TTK Marketing Esportivo, e teve início na Avenida Henrique Chamma, no Itaim. Alguns corredores que participavam do evento relataram insatisfação com a organização e a falta de assistência médica rápida. Stephanie Aranda, uma corredora presente no local, contou que testemunhou o momento em que Marcelo caiu. Sua mãe, que é enfermeira, tentou prestar os primeiros socorros, inclusive realizando massagem cardíaca.

"Eu pedi ajuda para um rapaz da organização, que estava de moto. O atleta [Marcelo] voltou depois de a minha mãe realizar a massagem cardíaca, mas ainda estava inconsciente", relatou Stephanie. Ela afirmou que correu por dois quilômetros em busca de uma ambulância, gritando para que os demais corredores solicitassem ajuda.

Apesar dos esforços, Stephanie afirmou que a ambulância demorou cerca de dez minutos para chegar ao local onde Marcelo estava. "O tempo de espera foi maior do que deveria, e isso gerou uma grande frustração entre os presentes", afirmou ela, ao contar que precisou pegar um megafone para pedir que familiares de Marcelo fossem localizados.

Outro participante, Túlio Serafim Barcellos, também criticou a resposta da organização, destacando que havia apenas duas ambulâncias disponíveis para centenas de corredores. Ele presenciou Stephanie subindo ao pódio e tomando o microfone do organizador para pedir apoio e informações sobre o estado de Marcelo.

Relato de falta de estrutura

Vários corredores entrevistados pela TV Globo relataram problemas de infraestrutura no evento, incluindo a falta de motos médicas para o primeiro socorro, atraso na largada e problemas nos kits adquiridos antecipadamente. "A desorganização foi evidente, com falta de comunicação e demora no atendimento", destacou Stephanie. A ausência de desfibriladores nas ambulâncias também foi apontada como uma falha grave.

Resposta da organização

Em nota, a organizadora Tríade defendeu a estrutura do evento, afirmando que o atendimento médico ao atleta foi realizado dentro do esperado. “Estimamos que o tempo de atendimento tenha sido de aproximadamente 7-8 minutos. O evento contava com uma cobertura médica de acordo com as exigências para o licenciamento do evento”, afirmou a empresa. A organização declarou ainda que disponibilizou quatro ambulâncias, um posto médico completo e uma moto médica, além de uma equipe com desfibrilador e socorristas.

Pronunciamento da prefeitura e órgãos de saúde

A Prefeitura de São Paulo esclareceu que a responsabilidade pelo atendimento médico era da organização do evento, uma vez que a meia-maratona é particular. A Secretaria Municipal da Saúde informou que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) não foi acionado para o evento e lamentou o falecimento de Marcelo. Ele chegou à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Vila Mariana em parada cardiorrespiratória, mas apesar das manobras de ressuscitação, não resistiu.

Investigação da Secretaria de Segurança Pública

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) registrou o caso como morte natural no 16º Distrito Policial (Vila Clementino). Segundo a SSP, Marcelo sofreu um mal súbito durante a prova, com sangramento pela boca, e foi socorrido por uma ambulância externa até a UPA, mas não sobreviveu.

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