Economia

Banco do Brasil registra queda de 60,2% no lucro, mas supera previsões em 2025

Lucro líquido gerencial atinge R$ 3,8 bilhões no 3º trimestre e banco reduz projeção anual diante do aumento da inadimplência, sobretudo no setor agro

13/11/2025 às 06:46 por Redação Plox

O Banco do Brasil registrou um lucro líquido gerencial de R$ 3,8 bilhões no terceiro trimestre de 2025, número que representa uma queda de 60,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Ainda assim, o resultado superou as expectativas do mercado, que projetava um ganho de R$ 3,7 bilhões.

Filial do Banco do Brasil

Filial do Banco do Brasil

Foto: Divulgação

Redução do lucro contábil e revisão das projeções

O lucro contábil do banco somou R$ 3 bilhões, recuo de 0,2% em relação ao segundo trimestre e de 66% sobre o mesmo intervalo do ano passado. O Banco do Brasil também revisou para baixo a previsão de lucro anual, que passou da faixa de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões para a de R$ 18 bilhões a R$ 21 bilhões. A nova estimativa está abaixo do ponto médio das projeções de analistas levantadas pela LSEG, de R$ 22,375 bilhões.

Pressão sobre o custo do crédito

A revisão das projeções ocorre em meio a uma piora nas expectativas para o custo do crédito, ajustado para o intervalo de R$ 59 bilhões a R$ 62 bilhões, em comparação aos R$ 53 bilhões a R$ 56 bilhões previstos inicialmente.

Para 2025, reconhecemos que, diante das dificuldades, entregaremos um lucro médio menor que o do ano passado, mas ainda com uma rentabilidade sólida, considerando o volume de provisões que vamos contabilizar — Geovanne Tobias, vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores

Margem financeira e receitas com serviços

A margem financeira bruta do Banco do Brasil alcançou R$ 26,4 bilhões no terceiro trimestre, aumento de 5,1% sobre o trimestre anterior e de 1,9% na comparação anual. As receitas com serviços apresentaram retração de 2,6% em doze meses, mas subiram 1,3% frente ao segundo trimestre.

Agravamento na inadimplência e impacto do setor agro

O custo do crédito disparou 77,7% em um ano, atingindo R$ 17,9 bilhões no terceiro trimestre. Na comparação com o trimestre anterior, houve alta de 12,7%. O próprio banco apontou que, além do aumento da inadimplência, em especial na carteira agro, casos específicos em grandes empresas também impactaram o resultado do período.

O nível de inadimplência em operações com atraso superior a 90 dias subiu para 4,93% em setembro de 2025, ante 4,21% ao final de junho e 3,33% um ano antes.

Na carteira agro, setor que vem pressionando o desempenho do banco, a inadimplência chegou a 5,34%, predominantemente em operações de soja nas regiões Centro-Oeste e Sul, incorporando também o efeito dos pedidos de recuperação judicial no segmento.

O indicador antecedente, que mede operações vencidas há mais de 30 dias, saltou de 5,53% no encerramento de junho para 7,78% em setembro.

Evolução das carteiras de crédito

Na carteira de pessoas físicas, a inadimplência subiu para 6,01%. O banco atribuiu o movimento principalmente à sobreposição de operações com produtores rurais, além do aumento da inadimplência em créditos renegociados e cartões de crédito.

Já em pessoas jurídicas, esse índice ficou em 4,06%. Entre micro, pequenas e médias empresas, as operações vencidas acima de 90 dias atingiram inadimplência de 10,25%.

A carteira de crédito expandida do BB aumentou 7,5% em 12 meses, somando R$ 1,279 trilhão, apesar de apresentar recuo de 1,2% em relação ao trimestre anterior. O crédito para pessoas físicas cresceu 7,9% no ano e 2,3% no trimestre, enquanto o destinado a pessoas jurídicas avançou 10,4% em 12 meses, mas caiu 3,2% na base trimestral. O portfólio agro mostrou retração no trimestre, embora acumule crescimento de 3,2% em um ano.

Indicadores de rentabilidade e capital

O retorno sobre patrimônio líquido encerrou o trimestre em 8,4%, bastante inferior aos 21,1% de um ano atrás, porém estável frente ao segundo trimestre de 2025.

O índice de capital nível I subiu para 13,92%, frente a 13,27% no segundo trimestre e 13,51% em setembro de 2024. O índice de eficiência, por outro lado, piorou para 28,1%, acima dos 27,7% do trimestre anterior e dos 25,8% em doze meses.

Juros sobre capital próprio

O Banco do Brasil comunicou também que seu conselho de administração aprovou o pagamento de R$ 410,6 milhões em juros sobre capital próprio.

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