Política

Lula intensifica negociações para escolha ao STF em meio à pressão do Senado

Presidente enfrenta resistência ao nome de Jorge Messias, busca diálogo com Pacheco e avalia alternativas para evitar novo desgaste político

13/11/2025 às 10:20 por Redação Plox

O presidente Lula intensifica nesta semana as articulações para definir o nome que indicará ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele enfrenta uma forte pressão do Senado, especialmente diante da resistência ao seu principal cotado, o advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso.

Jorge Messias, advogado-geral da União, é o principal candidato para substituir Luís Roberto Barroso

Jorge Messias, advogado-geral da União, é o principal candidato para substituir Luís Roberto Barroso

Foto: Agência Brasil


Senado faz pressão e nome de Messias enfrenta obstáculos

Apesar de Lula manter a intenção de nomear Messias, cresce no Senado um movimento a favor do ex-presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), apontado como preferido da maioria dos parlamentares. A aprovação do novo ministro depende de sabatina e aval dos senadores, o que coloca o presidente diante de uma disputa interna no Congresso.

A articulação a favor de Pacheco conta com o respaldo de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), atual chefe do Senado e aliado de Lula. O presidente e Alcolumbre se reuniram no fim de outubro, antes de Lula embarcar para a Ásia, mas o anúncio do nome para o STF acabou adiado. Durante o encontro, Alcolumbre ressaltou sua preferência por Pacheco e manifestou preocupação quanto à aprovação de Messias.

Receio de rejeição e paralelos com Flávio Dino

No Senado, parte dos parlamentares teme que a indicação de Messias possa reverberar desgastes semelhantes aos vividos na aprovação de Flávio Dino ao STF, que enfrentou resistência ao adotar postura mais transparente quanto à execução de emendas parlamentares. O resultado apertado na votação de Dino é citado como referência nos bastidores.

Aliados do governo avaliam que sem o apoio de Alcolumbre e de Pacheco, as chances de Messias ser aprovado são reduzidas. Alguns interlocutores do presidente alertam para o impacto negativo que uma eventual rejeição poderia provocar, sobretudo em ano pré-eleitoral. Um revés desse tipo representaria desgaste expressivo para Lula junto ao Congresso.

Lula busca diálogo e avalia alternativas

Nos bastidores, mensagens foram enviadas a Pacheco informando que Lula pretende procurá-lo em breve para discutir a indicação. A conversa entre ambos estava prevista para ocorrer após a viagem oficial à Ásia, mas foi adiada devido à crise de segurança relacionada a uma megaoperação no Rio de Janeiro. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), comunicou pessoalmente a Pacheco sobre o interesse de Lula em dialogar sobre a escolha para o STF.

Apesar da preferência inicial pelo advogado-geral da União, fontes próximas a Lula reconhecem a possibilidade de o presidente reavaliar a decisão, considerando a resistência encontrada. A disposição para conversas com outros nomes cotados, como o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), e ministros do próprio STF, também está no radar do governo.

Apoios estratégicos e cenário para as próximas indicações

Aliados do Planalto reforçam que Davi Alcolumbre tem exercido papel estratégico nas votações do Senado, em um momento de desconfiança crescente com a atuação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Por isso, a cautela para evitar desgastes com Alcolumbre é considerada essencial.

Lula, que já teria manifestado desejo de ver Pacheco concorrendo ao governo de Minas Gerais, é lembrado por auxiliares de que poderá indicar até quatro ministros ao STF se for reeleito. Dessa forma, a relação com os senadores de Minas e a construção de alianças no estado são vistas como pontos importantes para os próximos anos.

Enquanto não bate o martelo, o presidente intensifica os diálogos e busca maneiras de construir consenso entre as principais lideranças do Senado, evitando um embate direto que possa comprometer sua base política e a governabilidade em temas sensíveis.

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