Médicos são investigados por fraudes em escalas e atendimento particular durante plantões do SUS

Grupo é suspeito de realizar cirurgias particulares durante plantões do SUS e falsificar documentos, aponta investigação do Gaeco.

Por Plox

13/12/2024 14h04 - Atualizado há 2 dias

Pelo menos quatro médicos do Hospital Casa de Caridade Leopoldinense, em Leopoldina, na Zona da Mata, estão sendo investigados por uma série de crimes envolvendo manipulação de escalas de plantão, realização de procedimentos particulares durante plantões do Sistema Único de Saúde (SUS), e falsificação de documentos.

A investigação, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), identificou irregularidades como a marcação de plantões simultâneos em hospitais localizados a 55 km de distância, prática que seria impossível de ser realizada.

Mandados de prisão e buscas

Na quinta-feira (12/12), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) cumpriu quatro mandados de prisão temporária contra os médicos investigados, além de determinar o afastamento de seis profissionais de suas funções. Também foram realizadas 20 ordens de busca e apreensão em dois hospitais e uma clínica de anestesiologia nas cidades de Leopoldina e Além Paraíba.

De acordo com o MPMG, os investigados fazem parte do corpo clínico e da administração do hospital e estão sendo tratados como membros de uma organização criminosa, descrita como uma "causadora de graves riscos à saúde e à vida dos usuários atendidos pelo SUS".

 

Foto: MPMG/Divulgação

 

 

Esquema detalhado

As denúncias que deram início à investigação apontavam que os médicos assumiam plantões simultâneos em diferentes hospitais, criando escalas fraudulentas para justificar suas ausências. A distância entre o Hospital Casa de Caridade Leopoldinense, em Leopoldina, e o Hospital São Salvador, em Além Paraíba, é de 55 km, o que torna a prática inviável.

Durante os plantões designados para atender pacientes do SUS, os profissionais realizavam, na verdade, cirurgias particulares para a rede suplementar. Segundo o MPMG, essas ações "geraram riscos concretos aos pacientes" ao desviar a atenção e os recursos necessários para a urgência e emergência do SUS.

Crimes atribuídos aos médicos

Além da manipulação de escalas e do atendimento privado em horários do SUS, os médicos também são suspeitos de:

-Falsificação de documentos para encobrir as irregularidades;

-Ocultação de erros médicos que poderiam ser atribuídos a negligências;

-Desvio de materiais cirúrgicos de hospitais públicos;

-Imputação de responsabilidades a pessoas inocentes.

Os crimes investigados incluem:

-Exposição da vida ou saúde de outrem a perigo (artigo 132 do Código Penal);

-Desvio de bens públicos;

-Falsidade ideológica;

-Organização criminosa.

O caso segue em apuração pelo MPMG, que busca responsabilizar os envolvidos e proteger os pacientes que dependem do atendimento pelo SUS.

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