Base científica do Brasil será reinaugurada na Antártida

A antiga base foi atingida por um incêndio, em 2012, e ficou destruída quase por completo

Por Plox

14/01/2020 09h17 - Atualizado há mais de 4 anos

Será reinaugurada nesta terça-feira (14), a base científica do Brasil na Antártida, que foi batizada com o nome de Estação Comandante Ferraz.

De acordo com o governo, a base conta com uma estrutura maior e mais moderna que a anterior, utilizada pelos pesquisadores desde a década de 80, e que foi atingida por um incêndio em 2012, ficando quase toda destruída.

Segundo o Governo Federal, foram investidos cerca de US$ 100 milhões na reconstrução da estação, que recebeu 17 laboratórios e equipamentos avançados. Na nova base pesquisadores vão realizar estudos nas áreas de biologia, oceanografia, glaciologia, meteorologia e paleontologia.

estação

Foto: divulgação/Governo Federal
 

O projeto foi feito no Brasil e executado por uma empresa chinesa. Na estrutura foram usadas cerca de 700 toneladas de aço, para suportar condições adversas do continente antártico como ventos fortes e nevascas.

A base foi colocada em uma estrutura elevada, e os pilares de sustentação atingem até 26 metros de profundidade, que garantem a estabilidade e deixam os laboratórios a mais de três metros do solo.

Segurança e pesquisas


Na sala de máquinas e de geradores, as paredes são ultrarresistentes e conseguem suportar o fogo durante duas horas sem permitir que se espalhe por outros locais.

Dezesseis militares brasileiros cuidam da manutenção da base. Eles e os pesquisadores vão ficar instalados em quartos com duas camas e banheiros. A estação também tem uma sala de vídeo, locais para reuniões, academia de ginástica, cozinha e um ambulatório para emergências.

Cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) devem ser os primeiros a trabalhar na estação, desenvolvendo pesquisas na área de microbiologia. A Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA) também já confirmou que vai desenvolver projetos meteorológicos na base brasileira. Criar condições para que os pesquisadores brasileiros atuem na Antártida é importante para a compreender a história do passado e traçar perspectivas para o futuro, de acordo com o professor de geofísica e pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) na Antártida, Heitor Evangelista.

“Estudar o manto de gelo da Antártida é estudar um pouco sobre a história e evolução da América do Sul. Todos os processos que ocorrem na América do Sul, tais como a desertificação, erupções vulcânicas, El Niño (fenômeno climático de aquecimento das águas do Oceano Pacífico), cada um desses processos deixam um pouco do seu rastro no gelo da Antártida. Então, quando estudamos o gelo da Antártida, estamos reconstruindo a história do passado para melhor compreendê-la”, disse o pesquisador.
 

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