Esporotricose: conheça as causas da doença e como proteger o seu gato
Doença fúngica que afeta humanos e animais exige atenção para diagnóstico e prevenção
Por Plox
14/03/2025 11h53 - Atualizado há 18 dias
A esporotricose, conhecida popularmente como \"doença do jardineiro\", é uma micose profunda causada por fungos do gênero Sporothrix. A infecção atinge tanto humanos quanto animais, com destaque para os gatos, que são especialmente vulneráveis à doença. A contaminação ocorre quando o fungo penetra a pele por meio de arranhões, cortes ou contato com material contaminado.

No final de janeiro deste ano, a esporotricose foi incluída na Lista Nacional de Notificação Compulsória, exigindo que os casos sejam obrigatoriamente informados às autoridades de saúde. O médico-veterinário Adolfo Sasaki, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná (CRMV-PR), acredita que essa medida pode contribuir para um controle mais eficaz da doença, ao estimular iniciativas públicas e ampliar a conscientização da população.
### Sintomas da esporotricose
Nos humanos, os sintomas variam desde lesões cutâneas discretas, semelhantes a picadas de inseto, até manifestações mais graves, como a forma pulmonar, que pode ser confundida com tuberculose. Os sinais mais comuns incluem feridas na pele, febre, dor e, em quadros mais severos, dificuldades respiratórias.
Já nos gatos, a doença se manifesta de forma agressiva, com feridas ulceradas que evoluem rapidamente. A infecção pode se espalhar pelo sistema linfático e alcançar órgãos internos. Os primeiros sinais incluem lesões na pele, secreções, perda de apetite e letargia.
A médica-veterinária Farah de Andrade, consultora da rede de farmácias de manipulação veterinária DrogaVET, reforça a importância do diagnóstico precoce: \"Quanto mais cedo for detectada, maiores são as chances de cura. A taxa de sucesso no tratamento pode ultrapassar 90% quando conduzido corretamente\".
### Como prevenir a doença?
Para evitar a contaminação pela esporotricose, algumas medidas preventivas são recomendadas:
- Manter os animais de estimação dentro de casa;
- Supervisionar passeios para evitar contato com outros animais;
- Castrar os pets, reduzindo o risco de fugas e interações com animais infectados;
- Utilizar luvas ao manusear terra, plantas ou animais suspeitos;
- Isolar e higienizar diariamente o ambiente de animais em tratamento.
### Tratamento e adesão ao medicamento
Embora exista tratamento para a esporotricose, ele pode ser prolongado, e gatos, em especial, apresentam resistência à administração de medicamentos. Uma alternativa eficaz é o uso de formulações manipuladas com flavorizantes, como salsicha, linguiça ou frango, além de formatos como pasta oral e molhos, facilitando a adesão ao tratamento.
### Gatos: vítimas e não vilões
A desinformação sobre a esporotricose tem levado ao abandono e até ao sacrifício de gatos, que são erroneamente responsabilizados pela disseminação da doença. Farah de Andrade compara essa situação ao que ocorreu com os macacos durante a epidemia de febre amarela em 2018: \"Os gatos não são os responsáveis pela proliferação da esporotricose; eles são vítimas\".
O abandono de animais infectados, além de ser crime de maus-tratos, contribui para a propagação da doença. \"Quando um gato doente é deixado na rua, não apenas sua saúde é comprometida, mas o risco de novos focos de infecção aumenta, contaminando o ambiente e outros seres vivos\", alerta Sasaki.
A conscientização da população e a ampliação de estratégias de prevenção e tratamento são fundamentais para conter a esporotricose e evitar que mais animais e pessoas sejam afetados.