Atleta espanhola deixa caverna após 500 dias de isolamento
Teste de resistência busca entender impactos mentais e físicos do isolamento
Por Plox
14/04/2023 11h32 - Atualizado há mais de 1 ano
A esportista espanhola Beatriz Flamini completou um experimento extraordinário após passar 500 dias isolada em uma caverna, sem acesso direto ao mundo exterior e sem luz natural. Ao emergir nesta sexta-feira (14), Flamini descreveu a experiência como "excelente e insuperável".
O objetivo do projeto era avaliar os efeitos mentais e físicos do isolamento extremo em uma pessoa. A produtora espanhola Dokumalia registrou a jornada de Flamini e produzirá um documentário sobre a experiência.
"Durante um ano e meio, só conversei comigo mesma", relatou Beatriz Flamini aos jornalistas, logo após ser auxiliada por espeleólogos para deixar a caverna. O local fica a 70 metros de profundidade e a 10 quilômetros da cidade de Motril, situada na região andaluza, no sul da Espanha.
Ao longo dos 500 dias, Flamini contou apenas com livros, luz artificial e câmeras para documentar a experiência. Sem telefone ou meios de controlar o tempo, a atleta dependia de uma equipe técnica que deixava alimentos em um ponto específico da caverna, evitando contato direto com ela.
"Não sei o que aconteceu no mundo... Para mim, ainda é 21 de novembro de 2021", afirmou Flamini, referindo-se à data em que entrou na caverna. A atleta de 50 anos comentou que, ao ver os jornalistas usando máscaras, acreditava que a pandemia de Covid-19 ainda estava em curso.
David Reyes, da Federação Andaluz de Espeleologia, que coordenou a segurança de Flamini, explicou que houve outras experiências semelhantes, porém, nenhuma reuniu todas as condições deste experimento: "sozinha e em total isolamento, sem contato com o exterior, sem luz natural e sem referências temporais".
O Ministro do Turismo, Héctor Gómez, destacou a importância do experimento, afirmando que se tratava de "uma prova de resistência extrema" e que espera que o projeto traga "grande valor científico".
Flamini, que já havia enfrentado períodos de isolamento em montanhas, garantiu que nunca pensou em desistir, nem mesmo quando a caverna foi invadida por moscas. A atleta preencheu seu tempo com leitura, escrita, desenho, tricô e autorreflexão. "Não falei comigo mesma em voz alta, as conversas que tive foram absolutamente internas", concluiu.