Crescimento bélico da Coreia do Norte gera temores entre as nações

O avanço no desenvolvimento de mísseis, como o Hwasong-18, aumenta a preocupação mundial com as ambições nucleares norte-coreanas

Por Plox

14/04/2023 18h22 - Atualizado há mais de 1 ano

A Coreia do Norte anunciou o teste bem-sucedido do Hwasong-18, um míssil balístico intercontinental (ICBM) alimentado por combustível sólido, em um passo importante no avanço de seu programa de armas nucleares. O desenvolvimento e uso de combustível sólido são vistos como uma meta significativa para o país, uma vez que permite o lançamento de mísseis mais rapidamente em caso de guerra.

Comparado aos ICBMs anteriores testados por Pyongyang, como os modelos Hwasong-14, 15 e 17, o novo Hwasong-18 apresenta facilidades de armazenamento, lançamento e operação, além de maior eficiência.

Reações internacionais

A comunidade internacional reagiu com preocupação ao lançamento do míssil norte-coreano. O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, que estava presente no teste juntamente com membros de sua família e importantes figuras do programa de armas nacional, declarou que o Hwasong-18 "ampliará radicalmente" a capacidade de contra-ataque nuclear do país. Ele também afirmou que a nova arma fará com que os inimigos sintam uma "clara crise de segurança" e cause "inquietação e horror extremos".

Embora o teste não tenha demonstrado todo o potencial da arma, analistas afirmam que é um avanço importante na busca da Coreia do Norte por um arsenal nuclear capaz de ameaçar diretamente os Estados Unidos.

História e vantagens do combustível sólido
 

Foto: KCNA

A tecnologia de combustível sólido remonta aos fogos de artifício desenvolvidos pelos chineses há séculos, mas progrediu significativamente no século 20, quando os EUA desenvolveram propulsores mais poderosos. A União Soviética, a França e a China também desenvolveram e testaram ICBMs de combustível sólido ao longo das décadas.

Os propelentes sólidos são densos e queimam rapidamente, gerando impulso por um curto período. Além disso, podem ser armazenados por longos períodos sem degradação, ao contrário do combustível líquido.

Vann Van Diepen, ex-especialista em armas do governo dos Estados Unidos e colaborador do projeto 38 North, explica que mísseis de combustível sólido são mais fáceis e seguros de operar e requerem menos suporte logístico, tornando-os mais difíceis de detectar e de conservação mais fácil do que armas de combustível líquido.

 

O futuro do programa nuclear norte-coreano
 

Foto: KCNA

Apesar do Ministério da Defesa da Coreia do Sul minimizar o teste, alegando que o país vizinho ainda precisa de "tempo e esforço extras" para dominar a tecnologia de combustível sólido, a comunidade internacional continua preocupada com os avanços no desenvolvimento de mísseis norte-coreanos.

Ankit Panda, do think tank americano Fundo Carnegie para a Paz Internacional, ressalta que nações que operam forças nucleares em grande escala geralmente buscam mísseis de propelente sólido, que não precisam ser abastecidos imediatamente antes do lançamento. "Esses recursos são muito mais responsivos em um momento de crise", destaca Panda.

Implicações para os Estados Unidos e aliados

O teste do Hwasong-18, embora possa não representar uma "virada de jogo", segundo Panda, provavelmente complicará os cálculos dos Estados Unidos e seus aliados durante um conflito. "O interesse mais importante dos Estados Unidos e seus aliados é reduzir os riscos de uso nuclear e de escalada decorrente da posse dessas armas pela Coreia do Norte", afirma.

O desenvolvimento e teste bem-sucedido do míssil balístico intercontinental Hwasong-18, alimentado por combustível sólido, marca um avanço preocupante no programa nuclear norte-coreano. A comunidade internacional está cada vez mais alerta às ameaças potenciais que a Coreia do Norte pode representar, à medida que o país continua a aprimorar suas capacidades bélicas.

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