Lula propõe moeda única para transações entre os Brics

Lula questionou a dependência do dólar e propôs a utilização de outras moedas no comércio do bloco.

Por Plox

14/04/2023 07h43 - Atualizado há mais de 1 ano

Em visita oficial à China, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva criticou a predominância do dólar nas transações comerciais e defendeu a criação de uma moeda única para o bloco dos Brics, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Lula questionou a dependência do dólar e propôs a utilização de outras moedas no comércio do bloco.

Uma ideia com origem na China

A ideia de uma moeda única para os países do Brics surgiu na China em 2009, e foi discutida na reunião do bloco em 2010. A proposta visava substituir o dólar nas operações comerciais entre os países emergentes. Embora o projeto não tenha avançado, alguns países, como a Rússia, mantiveram interesse na proposta como forma de contornar sanções impostas pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

Desafios para a implementação de uma moeda única

Durante o evento em Xangai, Lula reconheceu os desafios envolvidos na criação de uma moeda única e pediu paciência para a ex-presidente Dilma Rousseff, que assumiu o comando do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco do Brics. Lula ponderou que a implementação de uma moeda única é um processo complexo e que depende do engajamento de todos os países membros.

Apesar do interesse da China em promover o yuan como moeda global, o economista Otto Nogami, professor de Finanças do Insper, destacou que ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a moeda chinesa seja amplamente aceita no comércio internacional.

José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), também expressou dúvidas sobre a proposta, alegando que o real e o yuan são moedas que "não conversam" com o resto do mundo. Segundo ele, o principal interesse por trás da ideia é político, especialmente por parte da China.

Moeda comum versus moeda única

O consultor Roberto Luis Troster, ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), alertou para a diferença entre a moeda única, que é mais difícil de implementar, e a moeda comum para transações comerciais, algo que já vem sendo feito no Mercosul. Ele explicou que a operacionalização de uma moeda única, que permita a conversibilidade, é um processo muito mais complexo e trabalhoso, como ocorreu com o euro.

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