Homem mata companheira com 20 facadas e é solto após audiência em MG
Mesmo após confessar o crime e ser preso em flagrante, suspeito de feminicídio em Ribeirão das Neves teve liberdade condicional concedida a pedido do MP
Por Plox
14/04/2025 16h03 - Atualizado há 14 dias
O velório de Ana Paula Magalhães Nunes, de 37 anos, ocorre nesta segunda-feira (14), no cemitério Porto Seguro, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ela foi morta a facadas no último sábado (12), em um crime que revoltou familiares e levantou questionamentos sobre o funcionamento da Justiça.

Segundo informações da polícia, Ana Paula foi esfaqueada pelo companheiro, Sebastião Henrique da Silva, com quem mantinha um relacionamento há cerca de 16 anos. Os dois filhos do casal, de 14 e 11 anos, agora ficam sem a mãe. De acordo com relatos, o crime teria ocorrido após uma discussão motivada por ciúmes — o suspeito não teria aceitado que a vítima colocasse unhas de gel e cílios.
Sebastião foi preso em flagrante após confessar o assassinato. Ana Paula chegou a ser socorrida para a UPA de Justinópolis ainda com vida, mas não resistiu aos ferimentos causados pelas 20 facadas.
Apesar da gravidade do crime, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) solicitou a liberdade condicional do suspeito durante audiência de custódia. A Justiça, impedida de decretar a prisão sem a requisição do MP, acatou o pedido e determinou a soltura de Sebastião, impondo medidas cautelares.
Entre as obrigações impostas pela Justiça ao acusado estão: comparecer a todos os atos do processo; não cometer novos crimes; manter atualizado seu endereço e telefone nos autos; e não sair da Região Metropolitana de BH por mais de 30 dias sem autorização judicial.
A justificativa apresentada pelo Ministério Público destacou que o crime “não gerou clamor público nem repercussões na ordem pública e financeira/econômica”, além do fato de o suspeito ter colaborado com as investigações e não ter tentado fugir.
A decisão causou indignação entre familiares da vítima, que manifestaram revolta ao saberem da liberdade do agressor. Durante o velório, uma prima de Ana Paula desabafou: \"Eu estou no velório da minha prima assassinada com o cara solto. Não tem condição. Eles pegaram o cara em flagrante, ela com várias perfurações, gritando, e ele está solto? Existe justiça?\"
Outro parente, mesmo sendo primo de Sebastião, também condenou a liberdade do suspeito: \"Ele é meu sangue, mas a que está ali [Ana Paula] vale muito mais para mim. Isso é um feminicídio e ele tem que pagar preso.\"
O Ministério Público foi procurado para comentar o caso, e o espaço segue aberto para manifestações.