Pesquisa da UFOP propõe uso do ora-pro-nóbis para extrair ouro sem mercúrio

Trabalho desenvolvido em Ouro Preto é selecionado para Mostra Inova Minas e destaca alternativa sustentável e segura para o garimpo artesanal

Por Plox

14/04/2025 13h22 - Atualizado há 9 dias

Um projeto desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQUIM) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) está entre os destaques da 4ª Mostra Inova Minas Fapemig, que ocorre entre os dias 4 e 6 de abril, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.


Imagem Foto :Arquivo Pessoal Daiana Rocha


A pesquisa de mestrado intitulada \"Emprego de subprodutos da folha de ora-pro-nóbis (Pereskia Aculeata Miller) como metodologia alternativa ao uso de mercúrio na extração artesanal de ouro\" surgiu a partir de relatos de famílias garimpeiras do distrito de Antônio Pereira, que há anos utilizam a planta como substituto do mercúrio no processo de extração do ouro. Inspirada nessa prática popular, a equipe da UFOP desenvolveu simulações utilizando a \"baba\" do ora-pro-nóbis, tanto em ambientes de garimpo quanto em caixas d’água na universidade.


Imagem Foto: Arquivo Pessoal Daiana Rocha


A professora Roberta Fróes, do Departamento de Química (Dequi), orientadora da pesquisa, relata que o uso da planta foi descoberto durante conversas com moradores locais, que já empregavam o método de forma empírica. O estudo pretende validar cientificamente a técnica, contribuindo para uma mineração mais segura e ecológica. A proposta também se inspira em experiências similares, como o uso da folha de balsa (Ochroma pyramidale) em minas da região de Chocó, na Colômbia, com impactos positivos sobre a saúde dos garimpeiros e valorização do ouro extraído.


Imagem Foto: Arquivo Pessoal Daiana Rocha


Para a mestranda Daiana Rocha, autora do trabalho, a seleção para a Mostra representa o reconhecimento de uma iniciativa que transforma conhecimentos ancestrais em soluções sustentáveis. Ela afirma que o objetivo é eliminar o uso de mercúrio no beneficiamento do ouro, respeitando a cultura tradicional e contribuindo para a reparação histórica de práticas originárias da África e trazidas ao Brasil por pessoas escravizadas.


Daiana destaca ainda que a proposta abre novas frentes de pesquisa, como o uso da mucilagem da planta em processos envolvendo minerais ferrosos. O projeto, que está em fase final, promete ampliar seus impactos sociais e ambientais de forma significativa.



O evento Inova Minas, promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), com apoio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais e do Circuito da Liberdade, tem como objetivo aproximar o público das inovações científicas financiadas pelo estado e mostrar como elas influenciam o cotidiano.


Destaques