Ucrânia decide retirar embaixador do Brasil após ausência de diálogo com Lula

Transferência de Andrii Melnyk ocorre após tentativas frustradas de encontro entre Zelensky e presidente brasileiro

Por Plox

14/04/2025 19h30 - Atualizado há 13 dias

A crise diplomática entre Brasil e Ucrânia atingiu um novo patamar com a decisão do governo ucraniano de retirar seu embaixador de Brasília. Andrii Melnyk, que havia sido oficialmente credenciado por Luiz Inácio Lula da Silva em novembro de 2023, será transferido para representar a Ucrânia na Organização das Nações Unidas (ONU). A saída está prevista para maio deste ano.


Imagem Foto: Presidência


A motivação central para a mudança está na falta de diálogo entre os governos. Desde o início de sua missão diplomática no Brasil, Melnyk tentou, sem sucesso, agendar um encontro entre o presidente brasileiro e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. As tentativas começaram ainda em 2023, e a expectativa era que o encontro ocorresse em algum momento ao longo daquele ano.



O episódio mais simbólico dessa ausência de diálogo aconteceu em dezembro de 2023, quando Zelensky desembarcou no Brasil por cerca de duas horas durante sua ida à cerimônia de posse do presidente argentino Javier Milei. Apesar da presença no território brasileiro, Lula não o recebeu.



A insatisfação do governo de Kiev cresceu ainda mais com o anúncio da presença de Lula na cerimônia do Dia da Vitória, programada para 9 de maio em Moscou. O evento celebra a vitória soviética sobre o nazismo na Segunda Guerra Mundial, mas, no atual contexto, simboliza uma aproximação com a Rússia em plena guerra no Leste Europeu.



“A embaixada tentou buscar uma agenda para o encontro entre os presidentes, mas não houve retorno positivo do governo brasileiro”, destacou uma fonte diplomática ucraniana.

As tentativas do Brasil de negociar uma proposta de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia, em conjunto com a China, não surtiram efeito e foram rejeitadas pela ONU. Kiev, por sua vez, mostra resistência a qualquer proposta que implique em perda territorial para a Rússia.



Outro ponto de tensão foi a ausência de manifestação pública por parte do Itamaraty após um ataque russo ocorrido no último domingo (13), que deixou 32 mortos — entre eles, duas crianças — e feriu outras 99 pessoas. A embaixada da Ucrânia informou ter buscado contato com o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, mas não obteve resposta.



Nesta segunda-feira (14), as embaixadas de Portugal e Ucrânia realizaram, em Brasília, um evento para discutir os impactos dos três anos de guerra. A cerimônia ocorreu na embaixada portuguesa e teve como objetivo chamar a atenção internacional para os danos humanitários causados pelo conflito. O Itamaraty, contudo, não enviou nenhum representante.



Até o momento, o governo ucraniano não confirmou se pretende nomear um substituto para o posto em Brasília. Já o Ministério das Relações Exteriores do Brasil não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mesmo após ser procurado pela imprensa.


Destaques