Ibovespa atinge novo recorde e fecha acima dos 138 mil pontos
Alta foi impulsionada por dados de inflação dos EUA abaixo do esperado e por trégua tarifária entre EUA e China
Por Plox
14/05/2025 09h25 - Atualizado há 6 dias
Em um dia marcado por alívio nas tensões internacionais e indicadores econômicos positivos, a Bolsa brasileira registrou um feito histórico nesta terça-feira (13). O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o pregão com alta expressiva de 1,75%, atingindo os 138.963 pontos. Durante o dia, chegou à máxima intradiária de 139.418 pontos, superando todos os patamares já registrados.

O recorde anterior de fechamento havia sido alcançado em 28 de agosto de 2024, com 137.343 pontos. Já o maior número registrado durante um único dia de negociações era de 137.634, na última quinta-feira (8).
Além da alta na Bolsa, o mercado de câmbio também apresentou forte reação positiva. O dólar comercial caiu 1,37%, encerrando o dia cotado a R$ 5,606 — o menor valor desde outubro de 2024.
O bom desempenho dos ativos brasileiros foi impulsionado principalmente por fatores externos. O índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos subiu 0,2% em abril, abaixo da expectativa do mercado, que era de 0,3%. Em março, o índice havia registrado queda de 0,1%. No acumulado de 12 meses, a inflação ficou em 2,3%, contra os 2,4% projetados.
Segundo Lucas Almeida, sócio da AVG Capital,
“o dado diminui a pressão sobre o Fed e reforça a tese de que os juros devem permanecer estáveis por mais tempo, mesmo com os riscos inflacionários provocados pelas tarifas impostas por Donald Trump”
.
Esses dados, no entanto, ainda refletem apenas os efeitos tarifários anteriores ao chamado “dia da libertação” anunciado por Trump em 2 de abril. Na ocasião, o governo norte-americano implementou tarifas de 20% sobre todas as importações chinesas em resposta ao tráfico de fentanil, além de 25% sobre veículos importados.
Desde então, o presidente dos EUA promoveu uma série de mudanças tarifárias, incluindo a suspensão de sobretaxas específicas por 90 dias e a imposição de uma tarifa geral de 10% sobre quase todas as importações.
A expectativa é que os impactos dessas medidas comecem a ser sentidos no CPI de maio, especialmente em produtos eletrônicos e automóveis. Segundo o analista Leonel Mattos, da StoneX, o dado de abril pode ter sido a última leitura branda da inflação americana no curto prazo. Ainda assim, ele observa que o indicador caminha para a meta de 2% estabelecida pelo Fed.
Esse cenário também abriu espaço para o avanço de mercados emergentes, como o brasileiro, visto que um corte de juros nos EUA enfraquece o dólar e valoriza ativos de risco.
A trégua comercial entre Estados Unidos e China firmada no último fim de semana em Genebra também contribuiu para o otimismo. Pelo acordo, os EUA reduziram as tarifas adicionais sobre produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China baixou as tarifas sobre itens americanos de 125% para 10%. O país asiático ainda prometeu suspender medidas não tarifárias contra os EUA.
Com o entendimento, diminuiu-se a preocupação com uma possível estagflação na economia americana, ou seja, o risco de inflação elevada acompanhada de estagnação econômica. Esse alívio refletiu diretamente no apetite por risco dos investidores.
No Brasil, também esteve no radar a ata divulgada nesta terça-feira da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O documento detalhou a decisão de elevar a taxa Selic para 14,75% ao ano, com o Banco Central indicando mais confiança na desaceleração da atividade econômica.
Apesar do tom firme, o Copom sinalizou a possibilidade de uma pausa no ciclo de alta de juros, caso a inflação permaneça sob controle.
“Se tivermos uma inflação saindo da linha, poderemos ver um aumento de juros de novo. Mas esse não é o cenário base para o mercado”, explicou Pedro Moreira, sócio da One Investimentos
.
A combinação entre inflação controlada nos EUA, alívio na tensão comercial com a China e uma sinalização de estabilidade dos juros no Brasil contribuiu para um dia de forte valorização na Bolsa e queda no dólar.