Lula assume fala sobre TikTok a Xi Jinping e sai em defesa de Janja

Durante uma coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (14), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa da primeira-dama, Janja da Silva, após repercussão de um episódio ocorrido em um jantar oficial em Pequim com o presidente da China, Xi Jinping. Na ocasião, Janja abordou questões relacionadas aos possíveis impactos do TikTok, aplicativo de origem chinesa, nas redes sociais brasileiras.

Segundo reportagem da jornalista Andreia Sadi, Janja teria causado desconforto ao perguntar diretamente a Xi Jinping sobre como o algoritmo da plataforma poderia ser ajustado para não beneficiar a direita política. O caso gerou repercussão política e foi tratado como um constrangimento nos bastidores da comitiva brasileira.

Lula, no entanto, afirmou que foi ele o autor da pergunta feita ao líder chinês, e demonstrou irritação com o vazamento da conversa para a imprensa. O presidente questionou como uma conversa privada, ocorrida em ambiente restrito, com a presença apenas de ministros, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do vice-presidente da Câmara, Elmar Nascimento (União Brasil-BA), pôde ter sido repassada externamente.

“Alguém teve a pachorra de ligar para alguém e contar uma conversa que teve em um jantar que era uma coisa muito, mas muito confidencial e pessoal”

, reclamou Lula.O presidente então relatou que abordou diretamente Xi Jinping sobre o ambiente digital e os desafios enfrentados no Brasil, citando o TikTok. Segundo ele, Janja apenas complementou a fala.

“Eu perguntei ao companheiro Xi Jinping se era possível ele enviar para o Brasil uma pessoa da confiança dele pra gente discutir a questão digital e sobretudo o TikTok. E a Janja pediu a palavra para explicar o que está acontecendo no Brasil, sobretudo contra as mulheres e crianças. Foi só isso”

, relatou Lula.

Durante a declaração, Lula também retomou sua defesa da regulamentação das redes sociais. O tema tem sido uma das principais pautas do governo desde 2023, mas enfrenta resistências no Congresso Nacional, especialmente por parte da oposição e do chamado Centrão.

“E ele [Xi Jinping] disse uma coisa que é óbvia, o Brasil tem o direito de fazer a regulamentação. [...] Nós temos que regulamentar. Não é possível que a gente vai continuar com as redes digitais cometendo os absurdos que cometem e a gente não ter a capacidade de fazer uma regulamentação”, afirmou o presidente, acrescentando que o governo chinês se comprometeu a enviar um representante para dialogar com o Brasil sobre questões digitais.

Ao final, Lula reforçou que não houve incômodo algum por parte dele quanto à fala de Janja, que participou ativamente da conversa com Xi Jinping.

“Eu não me senti nem um pouco incomodado. O fato de a minha mulher pedir a palavra é porque a minha mulher não é uma cidadã de segunda classe. Ela entende mais de digital do que eu, e ela resolveu falar”

, concluiu.