Sem preencher vagas, setor supermercadista de BH cogita contrato por hora

Com mais de 35 mil postos em aberto, supermercados da capital mineira discutem nova forma de contratação para atrair jovens e flexibilizar jornadas

Por Plox

14/05/2025 08h05 - Atualizado há cerca de 2 meses

Enfrentando dificuldades para contratar e manter funcionários, o setor supermercadista de Belo Horizonte estuda adotar o contrato por hora como alternativa ao modelo tradicional da CLT. A medida surge como resposta à grande quantidade de postos não ocupados — mais de 35 mil — e à baixa procura por parte de jovens, que hoje buscam mais flexibilidade em suas rotinas profissionais.


Imagem Foto: Pixabay


Eliane Ramos de Vasconcelos Pais, ex-presidente da Associação Brasileira de RH e vice-presidente da Associação Comercial de Minas Gerais, vê a proposta como uma maneira eficaz de modernizar o setor. Ela afirma que os jovens valorizam o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, algo que pode ser facilitado pelo pagamento por hora. “Os jovens têm muita dificuldade. Eles buscam muito equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional”, explica Eliane.


Ao permitir jornadas ajustáveis, o contrato por hora pode atrair não apenas jovens, mas também pessoas que já têm outra ocupação, funcionando como complemento de renda ou alternativa temporária de emprego. Essa flexibilidade favorece a inclusão de novos perfis no mercado e amplia as possibilidades de ingresso no setor.



Do ponto de vista dos empregadores, o modelo permite adequar os custos operacionais à demanda real das lojas. Com isso, torna-se possível contratar mais estrategicamente, reduzindo despesas fixas e facilitando a entrada de profissionais sem a necessidade de vínculos prolongados.


Apesar das vantagens, o formato exige atenção. A renda mensal instável, decorrente da variação de horas trabalhadas, é um dos principais desafios. A ausência de uma jornada fixa pode comprometer o desempenho e a estabilidade financeira dos trabalhadores, além de dificultar a coesão entre as equipes.



Outro ponto de incerteza é a adaptação dos benefícios trabalhistas nesse modelo. Direitos como férias, plano de saúde e outros adicionais precisam ser adequadamente considerados, para evitar prejuízos aos contratados.


Mirna dos Reis, estudante de engenharia de software, representa a opinião de quem ainda vê segurança na CLT. “Eu acredito que ainda hoje a CLT tem uma garantia sim segurança porque você não sabe o dia de amanhã, né?”, declara.


A discussão reflete uma tendência do mercado em buscar novos formatos de trabalho. No caso dos supermercados, a expectativa é que o contrato por hora possa ser um passo rumo à resolução da crise de contratações.


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