"Avanço na luta contra a Chikungunya: Vacina VLA1553 mostra resultados positivos"
Outros ensaios clínicos de fase 3 da VLA1553 ainda estão em curso, inclusive um com adolescentes de 12 a 17 anos, realizado no Brasil.
Por Plox
14/06/2023 07h21 - Atualizado há mais de 1 ano
Um avanço promissor na batalha contra a Chikungunya, uma doença transmitida por mosquitos do gênero Aedes, pode estar a caminho. Os últimos estudos apontam para o desenvolvimento eminente de um imunizante eficaz e seguro contra essa doença, identificado pelo código VLA1553.
Desenvolvida pela Valneva, uma empresa farmacêutica franco-austríaca, a vacina VLA1553 tem mostrado resultados promissores em testes clínicos de fase 3. Esses resultados, publicados na revista científica Lancet, revelaram a capacidade do imunizante de estimular a produção de anticorpos contra o vírus Chikungunya. Outros ensaios clínicos de fase 3 da VLA1553 ainda estão em curso, inclusive um com adolescentes de 12 a 17 anos, realizado no Brasil.
A fase 3 dos testes foi conduzida em 43 centros de testes de vacinas profissionais nos Estados Unidos, com a participação de voluntários saudáveis com idade a partir de 18 anos. O estudo, realizado de setembro de 2020 a abril de 2021, contou com a participação de 6.100 voluntários, dos quais 4.128 foram aprovados para o teste. Destes, 3.093 receberam a vacina e 1.035 receberam um placebo.
Os resultados após uma única dose de VLA1553 foram notáveis: 263 dos 266 vacinados (98,9%) apresentaram produção de anticorpos contra o vírus da Chikungunya 28 dias após a imunização, independentemente da idade.
Os dados também destacam a segurança da vacina, cujo perfil de eventos adversos foi comparável ao de outras vacinas licenciadas e bem toleradas em adultos jovens e idosos. Dos participantes expostos ao VLA1553, apenas 1,5% relataram eventos adversos graves, em comparação com 0,8% daqueles que receberam o placebo. Apenas dois desses eventos adversos foram diretamente relacionados à vacina: uma leve mialgia e uma síndrome de secreção inadequada do hormônio antidiurético. Ambos os casos se recuperaram totalmente.
Segundo Martina Schneider, chefe de estratégia clínica da Valneva e principal autora do estudo, a VLA1553 tem o potencial de se tornar a primeira vacina contra a Chikungunya, beneficiando tanto os residentes de regiões endêmicas quanto viajantes.
No Brasil, um ensaio adicional está sendo conduzido com 750 voluntários adolescentes, com conclusão prevista para breve. A empresa espera que as autoridades americanas aprovem a vacina a partir de agosto.
A Chikungunya foi identificada pela primeira vez na Tanzânia em 1952 e chegou ao Brasil em 2013, se espalhando significativamente desde então, com mais de 250.000 pessoas infectadas no país. A doença se caracteriza por febre alta e dores intensas nas articulações das mãos e pés. Embora cerca de 30% dos casos não apresentem sintomas, o início dos mesmos pode variar de dois a dez dias após a infecção
, período conhecido como de incubação. A dor nas articulações, mais intensa do que em doenças semelhantes como a dengue, é um dos sinais mais característicos da Chikungunya.
Além da febre e dor nas articulações, outros sintomas incluem dores de cabeça, dores musculares e o surgimento de manchas vermelhas na pele. Embora não haja uma forma hemorrágica da doença, como acontece com a dengue, em alguns casos a artrite pode persistir por um período prolongado.
O avanço representado pelo desenvolvimento da VLA1553 é, portanto, um marco na luta contra a Chikungunya. Este imunizante não apenas oferece uma forma eficaz de prevenir a doença, mas também representa esperança para os milhões de pessoas em áreas endêmicas e para aqueles que viajam para essas regiões.