Médico mostra exame e exige revacinação em Minas, mas tem teoria desmentida por especialistas
Ele alega que o imunizante que recebeu contra a Covid-19 não foi eficaz
Por Plox
14/07/2021 11h03 - Atualizado há cerca de 3 anos
Um vídeo publicado nas redes sociais por um médico e ex-vereador de Divinópolis vem causando desinformação, de acordo com especialistas. O homem exige revacinação contra o Coronavírus, no entanto, teve sua teoria refutada pela Anvisa e Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
No vídeo publicado na noite da última segunda-feira (12), Delano Santiago, conhecido como Dr. Delano mostra um exame e alega que o imunizante que recebeu contra a Covid-19 não foi eficaz.
Delano foi vereador de Divinópolis entre 2013 e 2020. Ele é dermatologista e também possui formação em enfermagem. O médico trabalha em um posto de saúde da cidade como clínico.
“Não adquiri anticorpos", alega em um trecho. "10% de resultado, quando deveria ter dado acima de 20 ou 50%”, afirma. “Estou exigindo uma nova vacinação por direito, estou no grupo de frente atendendo coronavírus”, finaliza. Delano é atuante nas redes sociais e tem quase 1 milhão de seguidores no Instagram.
A Prefeitura de Divinópolis publicou uma nota de esclarecimento nessa terça-feira (13) para afastar a desinformação. confira a nota na íntegra:
"Diante dos crescentes questionamentos sobre a realização de exames para avaliar a eficácia de vacinas e das solicitações de doses adicionais de imunobiológicos, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), por meio da Central de Imunização, vem através desta nota, descrever e apresentar algumas fundamentações científicas que desaconselham a realização de testes de dosagem de anticorpos neutralizantes para avaliar a proteção imune contra Covid-19 gerada por meio dos imunobiológicos.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), por meio de nota técnica de 26/03/2021, esclarece que a resposta imunológica desenvolvida pela vacinação não depende apenas de anticorpos neutralizantes. Há a estimulação do sistema imunológico de forma mais ampla, gerando também anticorpos não neutralizantes que agem de maneira diferente e a estimulação de células TCD4+ e TCD8+ (imunidade celular). Além disso, aliada à resposta imune específica, contamos também com a imunidade inata, mais um mecanismo de proteção contra infecções. Nesse sentido, a complexidade que envolve a proteção contra a doença torna desaconselhável a dosagem de anticorpos neutralizantes com o intuito de se estabelecer um correlato de proteção clínica.
A Agência Nacional de Vigilância Nacional (ANVISA), em nota técnica sobre o assunto, afirma que não existe, até o momento, definição da quantidade mínima de anticorpos neutralizantes necessária para conferir proteção imunológica contra a infecção pelo covid-19. Dessa forma, não há embasamento científico para recomendar o uso destes testes laboratoriais para determinar proteção vacinal.
Os imunobiológicos em uso no Brasil passaram por análise e autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os municípios brasileiros devem seguir o esquema vacinal e dosagem estabelecidos pela Anvisa e que foram definidos após estudos clínicos específicos.
O Ministério da Saúde (2021) informa que, os indivíduos que iniciaram a vacinação contra a Covid-19 deverão completar o esquema com a mesma vacina. Afirma também que, indivíduos que, por ventura, venham a ser vacinados de maneira inadvertida com duas vacinas diferentes ou com esquemas vacinais com quantidade de doses ou com prazos inadequados deverão ser notificados como um erro de imunização e serem acompanhados com relação ao desenvolvimento de eventos adversos e falhas vacinais.
Diante desse contexto, no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19, fica estabelecido que não se recomenda a administração de doses adicionais de vacinas".