Suspeito de tráfico: médico no RJ preso por venda ilegal de óleo de Cannabis
A investigação, aponta que Adolfo Pires era suspeito de comercializar laudos médicos para a liberação do cultivo e uso de maconha
Por Plox
14/07/2023 08h23 - Atualizado há quase 2 anos
A Polícia Civil do Rio de Janeiro revelou detalhes de uma operação na última terça-feira (11) que culminou na prisão do médico Adolfo Antônio Pires. Segundo informações policiais, Pires estaria envolvido no envase de óleo de Cannabis em sua própria residência, com o produto sendo vendido por R$ 600 por unidade. As informações foram confirmadas pela delegada Camila Lourenço, responsável pelo caso, que apontou ainda que o médico será indiciado por suspeita de tráfico de drogas.

Esquema de venda de laudos médicos falsos e óleo de Cannabis
A investigação, conduzida pela Polícia Civil, aponta que Adolfo Pires era suspeito de comercializar laudos médicos para a liberação do cultivo e uso de maconha, acusação que ele negou em depoimento. Além do médico, foram detidos ainda sua esposa, Pérola Katarine de Castro, profissional da micropigmentação; o advogado Patrick Rosa Barreto; e o biólogo André Vicente Souza de Freitas.
A polícia afirma que o grupo estaria envolvido em um esquema que produzia laudos médicos fraudulentos para tratamento com Cannabis, seguido do encaminhamento de habeas corpus para autorizar tanto o consumo quanto o cultivo da planta. A defesa de Patrick Barreto afirmou que está analisando o caso e ainda não tem um posicionamento oficial a ser declarado.
Atuação de associação e acusações de tráfico
Pérola de Castro, em seu depoimento, disse ser a presidente da associação Capev (Cannabis Pela Vida), organização que presta apoio médico e jurídico a pacientes usuários de Cannabis medicinal. André Freitas, suspeito de tráfico e fornecimento de insumos e sementes da planta, ainda não definiu seu representante legal. Freitas negou todas as acusações feitas pela polícia.
De acordo com a delegada Camila Lourenço, materiais para a produção e envase de óleos de Cannabis foram encontrados na residência de Adolfo Pires, incluindo produtos com teor de THC - a substância responsável pelos efeitos psicoativos da maconha - em sua forma mais pura.
No Brasil, a comercialização desses produtos é restrita a empresas e associações autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A compra também é limitada a pacientes que possuam laudo médico comprovando a necessidade do uso de Cannabis em seu tratamento, permissão da Anvisa para importação ou compra do medicamento, e autorização judicial para o uso da substância.
Rebatendo as acusações: as defesas dos suspeitos
Os acusados refutaram as alegações feitas contra eles. Adolfo Pires afirmou em depoimento que trabalha como médico autônomo e cobra apenas pelas consultas médicas, onde avalia exames e prontuários de pacientes para determinar se são ou não candidatos ao tratamento com Cannabis.
Por sua vez, Pérola de Castro negou envolvimento em atividades ilegais. Ela defendeu que a taxa cobrada corresponde à anuidade da associação Capev, com o valor variando conforme a necessidade e condição financeira do paciente.
A respeito do biólogo André Freitas, a delegada Camila Lourenço revelou a descoberta de um caderno de contabilidade e um catálogo com diferentes tipos de skunk em sua residência. Freitas negou a venda de drogas e confirmou ser o proprietário da página Pink e Cérebro Growers, que oferece informações sobre a maconha e seu cultivo. Ele afirmou ter planos de iniciar um curso sobre o cultivo de Cannabis, com o advogado Patrick Barreto direcionando interessados.