Universidades desenvolvem adesivo indolor para aplicação de vacinas
A indoloridade do processo, ressaltando que as microagulhas não alcançam os nervos responsáveis pela dor
Por Plox
14/07/2023 08h37 - Atualizado há quase 2 anos
Um estudo colaborativo brasileiro, envolvendo a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), está direcionando seus esforços para simplificar o processo de vacinação, especialmente para aqueles que possuem medo ou fobia de agulhas. A ideia central do projeto é o desenvolvimento de adesivos para a aplicação de vacinas de forma indolor, uma proposta que poderia revolucionar os métodos convencionais de imunização.

No centro desse projeto, está o Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, com a pesquisadora Lídia Andrade e sua equipe. "As microagulhas que compõem esses adesivos possuem menos de 1 milímetro e podem liberar substâncias diretamente na pele, incluindo medicamentos, substâncias para fins estéticos e, claro, vacinas", disse Andrade.
Andrade destacou a indoloridade do processo, ressaltando que as microagulhas não alcançam os nervos responsáveis pela dor. O uso potencial desses adesivos vai além da imunização, podendo ser customizado de acordo com as escolhas do fabricante.
A startup Microneeds, em parceria com o Instituto do Coração (Incor), além das já citadas universidades, também participa deste estudo.
Passos para a segurança da nova tecnologia
O papel da UFMG na pesquisa é de grande relevância. A universidade tem o compromisso de assegurar a segurança toxicológica das microagulhas. Para tanto, são realizados testes para verificar se o material do qual as microagulhas são feitas causa irritação, alergia ou inflamação.
"Usamos células de pele humana e de camundongo, adquiridas em bancos internacionais, para avaliar o comportamento dessas células ao entrarem em contato com o material das microagulhas", explicou Andrade. Ela acrescentou que, até o momento, os resultados são animadores, pois as células não sofreram alterações morfológicas nem pararam de crescer.
Os testes preliminares também indicaram que as microagulhas conseguem liberar o conteúdo que transportam de forma eficaz. No entanto, a pesquisa ainda está em andamento e mais avaliações são necessárias. Estuda-se, por exemplo, o efeito das microagulhas no material genético das células. A expectativa é que a pesquisa continue até 2025, e ainda não há previsão de disponibilização dos adesivos no mercado.
"Esse processo de testes é fundamental para garantir que possamos usar esse tipo de dispositivo com segurança", afirmou Lídia Andrade, ressaltando a importância do estudo para o avanço na área de imunização.