André Mendonça pode suspender oitivas em investigação sobre tentativa de golpe

Durante o recesso do Supremo Tribunal Federal (STF), que segue até o fim de julho, o ministro André Mendonça foi designado relator de uma ação apresentada pela defesa de Filipe Martins, ex-assessor de assuntos internacionais do ex-presidente Jair Bolsonaro. A solicitação pede a suspensão imediata das audiências previstas entre os dias 14 e 21 de julho no âmbito das investigações sobre a suposta tentativa de golpe de Estado.

Martins, atualmente réu no chamado núcleo 2 da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), busca interromper os depoimentos até que um recurso da defesa seja apreciado pela Corte. Esse recurso contesta decisão anterior do ministro Alexandre de Moraes, que vetou a convocação de algumas testemunhas indicadas por Martins.

Entre as pessoas que a defesa pretendia ouvir estão nomes centrais do bolsonarismo, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, seus filhos Eduardo e Carlos Bolsonaro, além do ex-procurador-geral da República, Augusto Aras. O veto a esses nomes foi um dos pontos de maior crítica por parte da equipe jurídica de Martins.

Além da questão das testemunhas, a defesa, liderada pelo advogado Jeffrey Chiquini, também questiona a competência do STF para julgar o caso. Segundo ele, o processo estaria repleto de falhas, como a ausência de intimação formal das testemunhas da defesa e o que considera um tempo insuficiente para analisar as provas.

A expectativa é de que André Mendonça, que foi indicado ao Supremo pelo próprio Jair Bolsonaro, avalie o pedido liminar nos próximos dias. Como está em atividade durante o recesso, caberá a ele decidir se as oitivas seguirão conforme o cronograma ou se serão suspensas temporariamente.

Nas redes sociais, Chiquini celebrou o encaminhamento da relatoria para Mendonça.

\"É uma vitória importante na condução da defesa de Filipe Martins\"

, afirmou o advogado, destacando que outros ministros do STF poderiam, segundo ele, ter impedimentos para julgar o caso com imparcialidade.

O desdobramento desse pedido poderá interferir diretamente no andamento da investigação que trata de uma das mais delicadas acusações contra aliados do ex-presidente Bolsonaro. Enquanto isso, o país aguarda a decisão do relator para saber se as oitivas seguirão conforme previsto ou serão temporariamente interrompidas.