Campanha Julho Amarelo alerta para alta preocupante das hepatites virais
Minas Gerais registra aumento nos casos, enquanto Brasil vê salto de 325% na hepatite A entre 2022 e 2024
Por Plox
14/07/2025 07h53 - Atualizado há cerca de 16 horas
Entre os diversos desafios enfrentados pela saúde pública, as hepatites virais voltam a ocupar posição de destaque neste mês de julho, quando é promovida a campanha de conscientização conhecida como Julho Amarelo. A mobilização se torna ainda mais urgente diante do expressivo aumento de casos registrados recentemente no Brasil.

Segundo o boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, o país observou um salto de 325% na taxa de incidência da hepatite A entre os anos de 2022 e 2024. Essa forma da doença, provocada pelo vírus A, é geralmente transmitida por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados e, em alguns casos, por contato sexual com práticas específicas. Apesar de, na maioria das vezes, evoluir para cura, ela pode causar sintomas agudos como náuseas, vômitos e icterícia.
Além do tipo A, outras formas das hepatites virais preocupam os especialistas, especialmente as do tipo B e C, que possuem evolução crônica e maior risco de complicações como cirrose e câncer hepático. O vírus B é classificado como uma infecção sexualmente transmissível, com possibilidades adicionais de contaminação por sangue e transmissão vertical (de mãe para filho). Já a hepatite C é majoritariamente transmitida pelo contato com sangue, atingindo principalmente usuários de drogas injetáveis que compartilham agulhas.
“Cada tipo possui um modo específico de transmissão, o que torna o combate mais complexo e exige estratégias distintas”, explica Osvaldo Couto, hepatologista da Rede Mater Dei de Saúde.
“Uma campanha de conscientização sobre esse tema é muito importante para alertar sobre as potenciais consequências da doença, informando principalmente a possibilidade de imunização, os mecanismos e fatores de risco para transmissão dos vírus e a disponibilidade de tratamento”
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Dados recentes também apontam para uma alta nos casos de hepatite C em Minas Gerais. Em 2023, o Estado registrou 1.095 notificações da doença, número que subiu para 1.241 em 2024. Esse aumento está relacionado, segundo Couto, ao crescimento da transmissão por relações sexuais.
A mortalidade global associada às hepatites virais é alta. Estima-se que 1,4 milhão de pessoas morrem anualmente em decorrência dessas infecções, seja por formas agudas, câncer no fígado ou cirrose. A taxa de mortalidade da hepatite C, por exemplo, rivaliza com doenças como o HIV e a tuberculose.
O diagnóstico é feito a partir da avaliação clínica, exame físico e testes laboratoriais. Embora as fases iniciais possam ser assintomáticas, principalmente nas formas crônicas, os sinais tornam-se evidentes em estágios avançados. A boa notícia é que há tratamento disponível no SUS para as hepatites B e C, com testagem gratuita nos postos de saúde. Com medicamentos modernos, a taxa de cura da hepatite C chega a 95% e há controle eficaz da infecção pelo vírus B.
Além das hepatites virais, existem formas não infecciosas da doença, como a hepatite alcoólica — causada pelo consumo excessivo de álcool —, a medicamentosa — provocada por certos fármacos — e a gordurosa, associada ao acúmulo de gordura no fígado.
A complexidade da doença e o impacto na saúde pública tornam a campanha Julho Amarelo essencial. O objetivo é promover informações seguras, ampliar a testagem e incentivar a imunização, reduzindo a incidência e evitando complicações que podem ser fatais. A prevenção e o diagnóstico precoce continuam sendo as melhores armas no combate às hepatites virais.