Descoberta árvore de 65 metros, a maior jequitibá-rosa do Brasil, em reserva de Minas
Localizada no Vale do Jequitinhonha, a árvore é considerada a mais alta do país fora da Amazônia e reforça a importância da preservação da Mata Atlântica
Por Plox
14/07/2025 13h17 - Atualizado há 2 dias
Um gigante silencioso foi revelado nas profundezas da Mata Atlântica, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A maior árvore da espécie jequitibá-rosa já registrada no Brasil está em pé na Reserva Biológica da Mata Escura, no município de Jequitinhonha. Medindo impressionantes 65 metros de altura e 5,5 metros de circunferência à altura do peito, a descoberta foi feita pelo professor e pesquisador Fabiano Rodrigues de Melo, da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

O achado aconteceu durante uma expedição que fazia parte de um programa de monitoramento da fauna e flora da reserva, dentro da iniciativa Meta Florestal, uma parceria entre a mineradora Vale e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Com o auxílio de drones equipados com câmeras térmicas, a equipe buscava identificar exemplares do muriqui-do-norte, espécie de primata ameaçada, quando se deparou com a enorme árvore.
Segundo Fabiano Melo, o jequitibá-rosa localizado é não apenas o maior já registrado da espécie, mas também a árvore mais alta já identificada no Brasil fora da floresta Amazônica. Ele destacou que sua altura provavelmente se deve ao fato de estar inserida em uma área de mata primária, preservada por séculos e de difícil acesso. A floresta densa, com sombra predominante a partir da tarde, contribui para o crescimento vertical dessas árvores, na busca por luz.
Após a detecção via tecnologia térmica, uma trilha foi aberta para que a equipe pudesse chegar até a base da árvore. Lá, os pesquisadores realizaram as medições e confirmaram o recorde. Fabiano revelou que seus estudos na reserva começaram em 2002, mas que esteve ausente da área por 15 anos, retornando em 2018. Foi somente em 2022, com o uso da nova tecnologia de drones com sensores infravermelhos, que a localização do jequitibá foi possível.
Márcia Nogueira, gerente da Reserva Biológica da Mata Escura e representante do ICMBio, destacou que a descoberta é um reflexo direto do comprometimento com a conservação. A reserva tem 50 mil hectares e abriga cerca de mil espécies já catalogadas. Nos três anos de execução da Meta Florestal, os pesquisadores também registraram uma nova espécie de opilião, o Cajango ednardoi, além de avanços no monitoramento do muriqui-do-norte.
O professor Fabiano reforçou a importância de estudar a genética dessas árvores gigantes e proteger suas sementes. Para ele, a existência desse jequitibá-rosa é uma amostra viva da grandiosidade original da Mata Atlântica e da necessidade urgente de preservar o que resta das florestas primárias no país.
Essas descobertas fazem parte de um esforço maior dentro do acordo de proteção e restauração firmado entre a Vale e o ICMBio, que abrange sete Unidades de Conservação. A proposta visa implementar áreas demonstrativas, estruturar processos de restauração em larga escala e fortalecer cadeias produtivas sustentáveis, com vigência de cinco anos.