STF inicia depoimentos sobre núcleos da suposta tentativa de golpe

Mais de 100 testemunhas devem ser ouvidas até 23 de julho no inquérito que apura os núcleos 2, 3 e 4 da trama golpista envolvendo aliados de Bolsonaro

Por Plox

14/07/2025 07h26 - Atualizado há 2 dias

A partir das 9h desta segunda-feira (14), o Supremo Tribunal Federal (STF) dá início a uma etapa crucial do inquérito que apura a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022: os depoimentos das testemunhas de acusação e defesa ligadas aos núcleos 2, 3 e 4 da investigação.


Imagem Foto: STF


Enquanto o núcleo 1, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro, já está com a fase de instrução concluída, os demais núcleos enfrentam agora os interrogatórios que seguirão até o dia 23 de julho, todos por videoconferência.


Entre os primeiros a serem ouvidos está o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que firmou acordo de delação premiada. Após as testemunhas da acusação, os depoimentos das testemunhas de defesa serão conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, em sessões fechadas para gravação por imprensa ou advogados.



A lista de convocados inclui o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco; o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha; o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro; além dos ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Júnior (Aeronáutica). Também prestarão depoimento os deputados federais Eduardo Pazuello, Hélio Lopes e Marcel Van Hattem, além dos senadores Hamilton Mourão, Rogério Marinho, Eduardo Girão e Ciro Nogueira.


“Todas as investigações são conexas. Ambos, também são filhos de um dos investigados em ação penal conexa, portanto, não podem ser ouvidos como testemunhas”, explicou o ministro

, ao justificar o cancelamento dos depoimentos de Carlos e Eduardo Bolsonaro, indicados pela defesa de Filipe Martins.


Além dos políticos, outros convocados incluem três ex-ministros do governo Bolsonaro: Ciro Nogueira, Eduardo Pazuello e Onyx Lorenzoni. Já os acusados do chamado núcleo 2, conhecido como \"núcleo gerencial\", são apontados por coordenar o planejamento da tentativa de golpe. São eles:


- Fernando de Sousa Oliveira, delegado da PF e ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça


- Filipe Martins, ex-assessor internacional da Presidência


- Marcelo Câmara, coronel da reserva do Exército


- Marília Ferreira de Alencar, delegada da PF e ex-diretora de Inteligência


- Mário Fernandes, general da reserva


- Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF


Esses nomes são acusados de participar da elaboração da minuta golpista, monitoramento de autoridades e ações da PRF para dificultar o voto no Nordeste.



Já o núcleo 3 é formado por militares que, segundo a PGR, planejavam o atentado chamado “Punhal Verde e Amarelo”, além de pressionar o alto comando do Exército a aderir ao plano. Entre os envolvidos estão:


- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira


- Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo (os \"kids pretos\")


- Wladimir Matos Soares


- Bernardo Romão Correa Netto, Cleverson Ney Magalhães, entre outros militares


O núcleo 4, por sua vez, teria promovido a disseminação de desinformação e ataques contra instituições. Seus integrantes incluem:


- Ailton Moraes Barros, Ângelo Denicoli, Giancarlo Rodrigues, Guilherme Almeida e Reginaldo Abreu (militares)


- Marcelo Bormevet (agente da PF)


- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (Instituto Voto Legal)



A acusação da PGR, embasada em delações e material apreendido como manuscritos e arquivos digitais, imputa aos investigados crimes como organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. As penas podem somar mais de 43 anos de prisão.


Os depoimentos de figuras como Valdemar Costa Neto — que confessou ter recebido e destruído documentos ligados à suposta fraude — e o governador Ibaneis Rocha, cujo inquérito foi arquivado, prometem ser decisivos.


Segundo os investigadores, os próximos passos após os depoimentos das testemunhas incluirão o interrogatório dos réus, ainda sem data definida.



A condução firme do processo pelo STF marca uma nova fase no julgamento de um dos episódios mais graves da história recente da democracia brasileira.


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