Ações da Vale caem com crise imobiliária na China e Bolsa atinge série histórica de quedas

Além do impacto nas ações da Vale, que apresentaram queda de 3,08%, o cenário levou a moeda americana a saltar 1,20% no Brasil, fechando o dia cotada a R$ 4,965

Por Plox

14/08/2023 20h15 - Atualizado há 11 meses

Na última segunda-feira (14), o Ibovespa experimentou a décima queda consecutiva, culminando em sua pior sequência desde o ano de 1984. O cenário foi influenciado, em grande medida, pela retração de 1,06% das ações da gigante mineradora Vale. Esse declínio foi impulsionado pelo nervosismo gerado em torno da situação do setor imobiliário chinês, especialmente após a Country Garden, uma significativa incorporadora do país asiático, buscar um adiamento no pagamento de um título privado. "A potencial insolvência da líder do setor imobiliário Country Garden tem despertado a vigilância de operadores internacionais", destacou a equipe da Commcor DTVM.

Paralelamente, a economia global já se encontrava em alerta diante das recentes notícias sobre a China, exacerbadas pelos relatos da gigante imobiliária. Além do impacto nas ações da Vale, que apresentaram queda de 3,08%, o cenário levou a moeda americana a saltar 1,20% no Brasil, fechando o dia cotada a R$ 4,965.

 

 

Foto: Tima Miroshnichenko / Pexels

Desafios internos e a evolução do setor educacional e econômico brasileiro

A queda na bolsa brasileira não se restringiu apenas aos receios oriundos da China. A divulgação do IBC-Br, índice que sinaliza a atividade econômica sob a ótica do Banco Central, revelou um crescimento de 0,63% em junho quando comparado ao mês anterior. Embora o avanço tenha sido levemente superior às projeções do mercado, que apontavam para 0,60%, o economista Rodolfo Margato da XP destaca que essa elevação representa uma desaceleração significativa: "As principais razões desse cenário são a dissipação do impacto positivo da agricultura e o estreitamento das condições monetárias".

Outra influência negativa para o Ibovespa veio do segmento educacional, particularmente devido a um impasse surgido após uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) que impõe restrições à criação de novos cursos de medicina. A queda expressiva das ações da Yduqs e da Ânima reflete esse cenário incerto. Enquanto a primeira teve uma desvalorização de 15,25%, a segunda viu suas ações caírem 18,96%.

Por outro lado, os recentes movimentos do Ibovespa também evidenciam as expectativas do mercado acerca da taxa básica de juros (Selic). Apesar de uma série anterior de crescimento do índice, as recentes quedas indicam que o mercado antecipava uma ação mais aguda do Comitê de Política Monetária (Copom) no ajuste da Selic. No entanto, a ata da última reunião sinalizou um ritmo de cortes mais moderado, de 0,50 ponto percentual, desencadeando ajustes no comportamento dos investidores.

Finalmente, no cenário cambial, a alta do dólar foi claramente impulsionada pela situação na China. Contudo, Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury, ressalta que a trajetória da moeda brasileira continua atrelada às oscilações econômicas dos EUA e às percepções globais a respeito da retomada chinesa.

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