Gastos com obesidade: uma ameaça à economia mundial e uma oportunidade para a indústria farmacêutica
A ciência avançou na busca de remédios e desenvolveu uma nova geração de medicamentos
Por Plox
14/08/2023 08h15 - Atualizado há mais de 1 ano
A obesidade, uma condição que afeta 20% da população brasileira, não é apenas resultado da dieta e do estilo de vida das pessoas. Pesquisas apontam que fatores genéticos também podem ser determinantes. Esta doença crônica, ao longo do tempo, pode levar a complicações graves, como doenças cardiovasculares, diabetes, certos tipos de câncer e agravamento em casos de infecções respiratórias, incluindo a covid-19.
A Federação Mundial de Obesidade apresenta projeções alarmantes: se não houver mudanças significativas em relação à prevenção e cuidado, até 2025, metade da população mundial estará em sobrepeso. Em termos econômicos, este cenário pode representar um impacto de até 4 trilhões de dólares por ano, uma cifra que se aproxima do PIB da Alemanha.
Avanços na Ciência e Medicamentos Inovadores No combate a esta epidemia de obesidade, a ciência tem feito progressos notáveis. Recentemente, foi desenvolvida uma nova geração de medicamentos, que, além de apresentar menos efeitos colaterais – como diarreia e náuseas –, são capazes de promover uma significativa perda de peso. Além disso, esses tratamentos têm demonstrado eficácia na redução dos riscos associados a doenças cardiovasculares e na gestão do diabetes.
Um dos mecanismos de ação desses novos medicamentos é a simulação de um hormônio secretado pelos intestinos, o GLP-1. Isso provoca no cérebro a sensação de saciedade, similar à proporcionada pela alimentação.
O Mercado Farmacêutico em Expansão Companhias farmacêuticas, como a americana Eli Lilly e a dinamarquesa Novo Nordisk, têm registrado crescimento expressivo em suas vendas devido a essas novas moléculas. No período de abril a junho, a Eli Lilly observou que seu medicamento para diabetes, Mounjaro, que também é eficaz para perda de peso, aproximou-se de um faturamento de US$ 1 bilhão. Se for aprovado pela FDA, agência reguladora americana, como um tratamento específico contra a obesidade, esse valor pode crescer significativamente, considerando que 40% da população dos EUA está com sobrepeso.
Akash Patel, analista farmacêutico da GlobalData, destaca que o medicamento "será uma alternativa à cirurgia bariátrica, pois permite uma perda de peso similar".
Por outro lado, o Novo Nordisk tem no Wegovym um tratamento promissor, que mostrou reduzir em 20% o risco de problemas cardiovasculares.
Desafios e Perspectivas Apesar dos avanços e das promissoras perspectivas de mercado, um dos principais desafios enfrentados é o alto custo dos medicamentos. A Associação Americana de Farmacêuticos ressalta que o valor é uma barreira para muitos pacientes, já que uma única injeção subcutânea semanal pode custar mais de US$ 10.000 por ano.
Entretanto, especialistas sugerem que a transformação destes medicamentos em comprimidos poderia reduzir os custos. Tanto a Eli Lilly quanto a Pfizer estão em busca deste desenvolvimento. Investidores antecipam que, se bem-sucedidos, os comprimidos anti-obesidade podem gerar um mercado global de até 54 bilhões de dólares até 2030.
Esta perspectiva tem alimentado o interesse e os investimentos das empresas farmacêuticas no desenvolvimento de soluções mais acessíveis e eficientes contra a obesidade.