Banco Central admite possível alta dos juros para conter inflação

Dirigentes indicam que a taxa Selic pode voltar a subir, revertendo cortes recentes; mercado reage com valorização do real.

Por Plox

14/08/2024 10h37 - Atualizado há cerca de 1 mês

Os gestores do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto e Gabriel Galípolo, indicaram nos últimos dias a possibilidade de uma nova alta na taxa de juros, o que poderia reverter parte dos cortes realizados desde o ano passado, quando a Selic foi reduzida de 13,75% para 10,50%. A potencial medida visa controlar a inflação e manter as expectativas alinhadas com a meta estabelecida.

 


Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Sinais de alta dos juros

Gabriel Galípolo, que atualmente ocupa o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central e é cotado para substituir Roberto Campos Neto na presidência da instituição em 2025, afirmou na última segunda-feira (12) que a possibilidade de um aumento na Selic "está na mesa". Esta declaração veio em resposta a interpretações anteriores de que o Banco Central poderia estar mais inclinado a manter ou reduzir os juros. Campos Neto reforçou a posição de Galípolo, sublinhando que a instituição agirá conforme necessário para atingir a meta de inflação, mesmo sob a direção de um indicado pelo presidente Lula.

Contexto e reações do mercado

As palavras de Galípolo, que é visto com atenção por causa de suas ligações com o presidente Lula, tiveram impacto imediato no mercado. O real se valorizou e o dólar recuou 0,90%, fechando a R$ 5,46. A reação reflete as expectativas do mercado quanto à postura do Banco Central frente à inflação e às pressões políticas. Enquanto isso, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que Lula deve revelar em breve o nome do novo comandante da autoridade monetária, com Gabriel Galípolo sendo um dos principais cotados.

Tensões econômicas e políticas

A possível alta dos juros ocorre em um ambiente de incertezas. O governo federal enfrenta desafios como as dúvidas sobre o compromisso de zerar o déficit fiscal e as críticas à independência do Banco Central, além dos juros elevados nos Estados Unidos, que pressionam o câmbio. Esses fatores contribuíram para a recente alta do dólar, que chegou a superar R$ 5,70, e para a elevação das expectativas de inflação para 2024 e 2025. Nesse cenário, o Banco Central pode ser obrigado a aumentar novamente a Selic para alinhar a inflação à meta de 3%.

Entenda a função dos juros

As taxas de juros estabelecidas pelo Banco Central funcionam como um piso para toda a economia, sendo um dos principais instrumentos para controlar a inflação. Quando há risco de aumento nos preços, os juros sobem para conter a demanda. Por outro lado, cortes na Selic estimulam o consumo e aquecem a economia, facilitando o acesso ao crédito e financiamento. Com a Selic atualmente em 10,5%, especialistas recomendam cautela nos investimentos, pois uma mudança na taxa pode impactar diretamente o rendimento de diferentes ativos.

Destaques