OMS declara mpox como emergência global novamente devido à nova variante

A OMS recomenda duas vacinas contra a mpox, porém nenhuma delas está sendo aplicada atualmente no Brasil

Por Plox

14/08/2024 18h52 - Atualizado há cerca de 1 mês

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quarta-feira (14) que a mpox, anteriormente conhecida como "varíola dos macacos", voltou a ser classificada como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). A decisão ocorre após mais de um ano da suspensão do alerta global, motivada pela diminuição dos casos no cenário mundial. No entanto, uma nova variante do vírus, que tem se espalhado rapidamente na África, especialmente na República Democrática do Congo (RDC), provocou a reativação do mais alto nível de alerta sanitário da organização.

Foto: Mpox / Getty Images / Via Ministério da Saúde

Preocupação com a nova variante na África

A reclassificação da mpox como emergência global está diretamente ligada à propagação da nova variante do vírus, conhecida como Clado Ib, que apresenta maior mortalidade e facilidade de transmissão. Na RDC, apenas em 2024, foram registrados cerca de 14 mil casos e 450 mortes, conforme o último relatório do Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (Africa CDC). A situação é agravada pelo fato de que quatro países africanos que não haviam reportado casos anteriormente — Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda — confirmaram a presença do vírus pela primeira vez neste ano.

Risco e medidas no Brasil

Apesar da gravidade da situação na África, o Ministério da Saúde brasileiro avalia que o risco para o Brasil é baixo. Em 2024, foram notificados 709 casos no país, com 16 mortes, mas nenhuma dessas ocorrências está ligada à nova variante responsável pelo surto africano. Mesmo assim, o governo brasileiro está atualizando suas recomendações e planos de contingência para a mpox, além de convocar reuniões com especialistas para revisar as estratégias de vigilância e assistência médica.

Vacinação no Brasil e no mundo

A OMS recomenda duas vacinas contra a mpox, porém nenhuma delas está sendo aplicada atualmente no Brasil. No país, a vacinação teve início em março de 2023, focando em grupos específicos como pessoas vivendo com HIV/aids e profissionais de laboratório. Especialistas sugerem que a vacinação deve ser direcionada principalmente para pessoas que tiveram contato direto com infectados, evitando assim surtos epidêmicos. Uma campanha de vacinação em massa só seria considerada em caso de uma grande emergência sanitária.

Entendendo a mpox

A mpox é uma zoonose viral, uma doença transmitida aos humanos a partir de animais, originalmente detectada em macacos em 1958 e identificada em humanos em 1970. O vírus pertence à mesma família da varíola humana, erradicada em 1980. Antes do atual surto, a mortalidade da mpox variava entre 3% e 6%. A doença apresenta sintomas como febre, dores no corpo, erupções cutâneas e gânglios inchados. Em casos mais graves, pode causar pneumonia, sepse e até cegueira.

Mudança no nome da doença

O nome "mpox" foi adotado pela OMS em 2022 para substituir o termo "varíola dos macacos". A mudança visou combater o estigma e o racismo associados ao nome anterior, que não refletia a origem da doença entre os primatas, mas sim sua transmissão entre humanos. O novo nome surgiu após um processo de consulta pública, no qual diversos órgãos consultivos foram envolvidos.

Transmissão e tratamento

A transmissão da mpox ocorre por contato próximo com as lesões de pele, secreções respiratórias ou objetos contaminados por uma pessoa infectada. Diferente da Covid-19, que se espalha por pequenas gotículas no ar, a mpox se propaga por contato direto com lesões ou por gotículas grandes expelidas pelo sistema respiratório. Embora a doença geralmente se resolva sozinha, sem necessidade de tratamento específico, vacinas e medicamentos desenvolvidos para a varíola humana podem ser eficazes na prevenção e tratamento da mpox.

Impacto global e resposta internacional

Embora o surto fora da África esteja em níveis baixos de transmissão, a OMS reforçou a importância de uma resposta internacional coordenada. A declaração de emergência visa facilitar a cooperação global no compartilhamento de vacinas, tratamentos e testes de diagnóstico, além de desbloquear financiamentos para enfrentar a nova ameaça. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, destacou que a organização está empenhada em trabalhar com os países afetados para prevenir a disseminação do vírus, tratar os infectados e salvar vidas.

 

 

 

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