OMS discute reclassificação da mpox como emergência global

Entidade convoca comitê de emergência para analisar o surto na África e o risco de propagação internacional

Por Plox

14/08/2024 08h16 - Atualizado há cerca de 1 mês

A Organização Mundial da Saúde (OMS) agendou para esta quarta-feira (14) uma reunião crucial do comitê de emergência, que avaliará a atual situação da mpox na África, em meio a preocupações sobre a crescente disseminação internacional da doença. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou essa decisão em seu perfil na rede social X na última quarta-feira (7), destacando a urgência da situação.

Expansão da doença e novos casos fora do Congo

A convocação do comitê ocorreu após o registro de novos casos de mpox fora da República Democrática do Congo, onde a doença já está em ascensão há mais de dois anos. A recente mutação do vírus, que aumentou a transmissibilidade entre humanos, agravou o cenário, tornando necessária uma reavaliação da resposta global.

Somando-se à preocupação, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África) declarou ontem (13) a situação da mpox como uma emergência de saúde pública de segurança continental. O diretor-geral da entidade, Jean Kaseya, enfatizou a rápida disseminação da doença na região africana e a necessidade de uma resposta coletiva.

“Esse não é apenas mais um desafio. O cenário exige ação coletiva", afirmou Kaseya. "Nosso continente já presenciou diversas lutas. Já enfrentamos pandemias, surtos, desastres naturais e conflitos. Ainda assim, para cada adversidade, agimos. Não como nações fragmentadas, mas como uma única África. Resilientes, de forma engenhosa e resoluta."

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Impacto global da mpox

Entre janeiro de 2022 e junho de 2024, a OMS registrou 99.176 casos confirmados de mpox em 116 países, resultando em 208 mortes. Somente em junho de 2024, 934 novos casos foram confirmados em 26 países, com quatro mortes relatadas, o que destaca a persistência da transmissão global da doença.

As regiões mais afetadas, conforme os números de junho, incluem África (567 casos), América (175 casos), Europa (100 casos), Pacífico Ocidental (81 casos) e Sudeste Asiático (11 casos). No entanto, o Mediterrâneo Oriental não relatou novos casos nesse período.

Dentro do continente africano, a República Democrática do Congo representa 96% dos casos confirmados em junho, embora o acesso limitado a testes nas zonas rurais tenha dificultado um diagnóstico mais preciso. Outros países na África Oriental, como Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda, também relataram seus primeiros casos, todos ligados ao surto em expansão. Na Costa do Marfim, uma variante diferente da doença está em circulação, enquanto a África do Sul confirmou mais dois casos.

Aumento na letalidade da nova variante

A preocupação com a mpox aumentou significativamente após a OMS alertar, no final de junho, sobre uma nova variante mais perigosa do vírus. A variante 1b, que circula na África Central, apresenta uma taxa de letalidade de mais de 10% entre crianças pequenas, contrastando com a variante 2b, responsável pela epidemia global de 2022, que teve uma taxa de letalidade inferior a 1%.

Esforços de vacinação e resposta global

Em resposta à crescente ameaça, a OMS lançou nesta semana um documento solicitando que fabricantes de vacinas contra a mpox submetam pedidos para uso emergencial das doses. O objetivo é acelerar a disponibilização de vacinas em situações de emergência, especialmente em países de baixa renda que ainda não emitiram sua própria aprovação regulatória.

“Essa é uma recomendação com validade limitada, baseada em abordagem de risco-benefício”, destacou a OMS. A organização enfatiza a necessidade de dados que comprovem a segurança, eficácia e qualidade das vacinas para as populações-alvo, o que deve facilitar a aquisição de doses por parceiros globais como a Aliança para Vacinas (Gavi) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Características da doença

A mpox é uma doença zoonótica viral que pode ser transmitida para humanos por meio de contato com animais silvestres infectados, pessoas contaminadas ou materiais infectados. Os sintomas incluem erupções cutâneas, linfonodos inchados, febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrios e fraqueza. As lesões cutâneas, que podem variar em número e localização, tendem a se concentrar no rosto, mãos e pés, mas podem surgir em outras partes do corpo.

Histórico da mpox como emergência global

Em maio de 2023, quase uma semana após a mudança no status da covid-19, a OMS declarou que a mpox não configurava mais uma emergência em saúde pública de importância internacional. Anteriormente, em julho de 2022, o surto da doença em vários países havia levado a OMS a decretar a situação de emergência.

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