EUA cancelam vistos de brasileiros envolvidos com o Mais Médicos
Secretário do Ministério da Saúde e diretor da OTCA são acusados de beneficiar regime cubano entre 2013 e 2018
Por Plox
14/08/2025 09h57 - Atualizado há 13 dias
Em mais uma ação diplomática de forte repercussão, os Estados Unidos decidiram revogar os vistos de entrada de dois brasileiros que tiveram participação ativa na implementação do programa Mais Médicos entre 2013 e 2018. A medida, anunciada nesta quarta-feira (13) pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, atinge Mozart Júlio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, diretor da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) para a COP 30.

Segundo o governo de Donald Trump, os dois teriam usado a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) como intermediária para viabilizar o programa Mais Médicos com profissionais cubanos, driblando tanto os dispositivos constitucionais brasileiros quanto as sanções impostas pelos EUA ao regime de Havana. Conforme a acusação, os pagamentos destinados aos médicos acabaram sendo canalizados para o governo cubano, fortalecendo financeiramente o regime.
\"Esse esquema enriquece o corrupto regime cubano e priva o povo cubano de cuidados médicos essenciais\", afirmou o governo dos EUA, alegando que muitos dos profissionais cubanos que atuaram no programa relataram terem sido explorados por seu próprio governo.
Com uma trajetória que passa pela Câmara Municipal do Recife, onde foi vereador entre 2004 e 2008 e presidiu a Comissão de Saúde, Mozart Sales também atuou na gestão Dilma Rousseff como secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde entre 2012 e 2014, período em que o programa Mais Médicos foi criado. Ele é médico pela Universidade de Pernambuco e possui doutorado em Saúde Integral.
Já Alberto Kleiman, que atualmente coordena ações da OTCA voltadas à COP 30, integrou o grupo responsável pela organização da conferência até setembro de 2024, pela Secretaria Extraordinária dedicada ao evento. Ele esteve presente em diferentes gestões petistas, tanto na Prefeitura de São Paulo quanto no governo federal, tendo trabalhado no Departamento Internacional do Ministério da Saúde entre 2012 e 2015, também sob a presidência de Dilma Rousseff.
Essa não é a primeira vez que os Estados Unidos impõem sanções a brasileiros por motivos políticos. Além de Mozart e Kleiman, ministros do Supremo Tribunal Federal já tiveram seus vistos cancelados, incluindo os nomes de Luis Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flavio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes. As revogações são parte de uma ofensiva diplomática que visa pressionar governos e indivíduos considerados alinhados a regimes autoritários.
O episódio reacende o debate sobre o uso de programas internacionais de saúde como ferramentas de influência geopolítica, e aprofunda tensões entre Brasil e Estados Unidos em um momento de grandes transformações políticas globais.