Lula minimiza cancelamento de visto de secretário e critica sanções dos EUA

Presidente disse que Brasil tem muitos destinos bonitos e afirmou que Cuba sofre bloqueio injusto

Por Plox

14/08/2025 18h17 - Atualizado há 23 dias

Durante a cerimônia de inauguração de uma nova fábrica da Hemobrás, realizada nesta quinta-feira (14) em Goiana, cidade localizada em Pernambuco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aconselhou Mozart Sales, secretário de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, a não se preocupar com a revogação de seu visto pelos Estados Unidos. Lula destacou que o planeta oferece inúmeras possibilidades além do território americano.


Imagem Foto: Presidência


De forma descontraída, o presidente disse que o Brasil, com seus 8,5 milhões de quilômetros quadrados, oferece uma vasta gama de locais belíssimos para se visitar. “Mozart, não fique preocupado com o visto dos EUA. O mundo é muito grande, o Brasil tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados, você tem lugar para andar no Brasil para caramba, cara, não se importe. Lugar bonito”, afirmou Lula diante dos presentes.



A revogação do visto de Mozart Sales e também do ex-integrante do Ministério da Saúde Alberto Kleiman foi uma medida tomada pelo governo dos Estados Unidos. Segundo informações da gestão do ex-presidente Donald Trump, os dois envolvidos teriam utilizado a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) como intermediária na implementação do programa Mais Médicos. A acusação sustenta que houve manobra para contornar as sanções americanas, beneficiando o governo cubano ao repassar valores devidos aos profissionais de saúde da ilha sem cumprir requisitos constitucionais brasileiros.



Ao comentar o episódio, Lula não poupou críticas à decisão norte-americana e voltou a defender a relação do Brasil com Cuba. Para o presidente, a revogação do visto está ligada à colaboração dos brasileiros com o país caribenho. Ele argumentou que a ilha é vítima de um bloqueio imposto há sete décadas pelos EUA.
“O fato deles cassarem o Mozart foi por causa de Cuba, porque eles tinham ido a Cuba. É importante eles saberem que nossa relação com Cuba é uma relação de respeito de um povo que é vítima de um bloqueio há 70 anos. Hoje estão passando necessidade num bloqueio que não há nenhuma razão”

, declarou.


Ainda durante o evento, Lula criticou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acusando-o de trair o país ao promover articulações com o governo norte-americano para punir autoridades brasileiras. Segundo o presidente, esse tipo de comportamento deveria ser punido com a cassação do mandato. “Ele [Bolsonaro] precisa parar de resmungar, mandou o filho para os EUA. Vocês têm que pedir a cassação dele [Eduardo], porque ele está traindo o país. Essa é a verdadeira traição da pátria”, disse Lula, em tom firme.



Outro ponto abordado pelo presidente foi a recente decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida foi interpretada como retaliação à postura do Brasil no grupo dos Brics, acusada de promover sentimento antiocidental e perseguir figuras conservadoras. Lula reforçou que o país continuará buscando novos parceiros comerciais. “Se os EUA não quiserem comprar, não tem importância, eu não vou ficar chorando, eu não vou ficar rastejando. Eu vou procurar outros países para vender os produtos que nós vendemos para eles [os norte-americanos] e vamos seguir em frente”, concluiu.



O episódio reforça o tom crítico da atual gestão brasileira em relação à política externa dos Estados Unidos e evidencia a disposição do governo de ampliar sua atuação no cenário internacional por meio de parcerias alternativas.


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