Trabalhadores são resgatados em colheita de café com condições análogas à escravidão em MG
Fiscalizações do MTE revelam violações graves nas regiões Centro-Oeste e Sul de Minas, com ausência de registro, alojamentos precários e falta de direitos básicos
Por Plox
14/08/2025 12h46 - Atualizado há 4 dias
Durante a primeira semana de agosto, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 59 trabalhadores em situação análoga à escravidão em Minas Gerais. As ações ocorreram em propriedades rurais nos municípios de Córrego Danta, Machado e Campestre, com apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT), Polícia Federal (PF) e Polícia Militar (PM).

As fiscalizações identificaram condições degradantes: trabalhadores sem registro em carteira, sem equipamentos de proteção, e alojados em estruturas precárias. Também foi constatada a ausência de banheiros nas frentes de trabalho e a inexistência de locais adequados para refeições.
No município de Córrego Danta, 30 trabalhadores estavam sem qualquer registro e arcavam com os próprios custos para adquirir ferramentas e equipamentos — prática proibida por lei. Entre os resgatados, 14 eram mulheres, todas expostas à insalubridade e sem privacidade. As refeições eram levadas de casa e consumidas frias, no chão ou sob árvores, sem condições mínimas de higiene.
Em outra fazenda da região, mais 23 trabalhadores foram resgatados. O empregador já havia sido denunciado anteriormente por prática semelhante. As vítimas, vindas da Bahia, estavam alojadas em construções improvisadas na zona urbana de Campos Altos, sem móveis, roupas de cama ou estrutura para alimentação. A energia foi cortada por cinco dias e um dos trabalhadores estava com o pé quebrado há cerca de um mês, sem acesso a atendimento médico.
No Sul de Minas, seis trabalhadores foram localizados em situação semelhante nas cidades de Machado e Campestre. As propriedades infringiam diversas normas: não realizavam exames médicos obrigatórios, não forneciam água potável, equipamentos de proteção ou treinamento, e não dispunham de instalações para descanso ou alimentação.
Cinco desses trabalhadores receberam mais de R$ 200 mil em salários atrasados e verbas rescisórias.
Um caso em particular chamou atenção das autoridades. Um trabalhador, idoso e analfabeto, viveu cerca de 40 anos em uma fazenda em condições precárias. Morava em uma edificação sem saneamento e sem acesso à água potável. Apesar do vínculo afetivo com a família do empregador, nunca teve seus direitos trabalhistas reconhecidos. O caso está em negociação para assegurar reparação e condições dignas de vida.
As autoridades seguem apurando as responsabilidades dos empregadores e articulando ações para prevenir novas ocorrências.