Vídeo: mãe de vítima de feminicídio em Ipatinga relata dor e pede justiça no julgamento de acusado

Logo às 9h desta quinta-feira (14), a Câmara Municipal de Ipatinga recebeu a sessão do Tribunal do Júri para julgar Alef Teixeira de Souza, acusado pelo assassinato de Rafaella Cristina Miranda Sales, de 34 anos, com quem ele se relacionava havia cerca de dois meses. A morte, ocorrida em abril de 2023, foi marcada por uma overdose forçada de cocaína, tortura e agressões físicas, segundo apontam laudos periciais e a denúncia formalizada pelo Ministério Público.

O caso foi tratado como feminicídio, com qualificadoras de motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Conforme o Ministério Público, o acusado submeteu Rafaella a um ciclo contínuo de violência física e psicológica dentro da residência em que viviam, localizada no bairro Vila Celeste. As duas filhas da vítima, de 10 e 14 anos, presenciaram boa parte das agressões, fato citado como agravante pelas autoridades.

Foto: Andressa Estevão/PLOX

“Uma excelente filha, irmã e mãe. Carinhosa, dedicada, a primeira a mandar os parabéns e a dar bom dia às 4h da manhã”, contou.

“Ela foi morta com overdose. Isso é algo totalmente fora da realidade dela. Eu consegui gravar um áudio onde ele confessa que a drogou. Esse material foi entregue à polícia e teve papel essencial na investigação”, afirmou.

As investigações apontaram que Alef injetava cocaína na vítima de forma contínua, com doses cada vez maiores, até que ela não resistiu. A perícia constatou a presença de marcas de agulha nos braços, hematomas no corpo e diversos sinais de violência. Amigos e familiares perceberam mudanças em Rafaella nos últimos dias: ela se afastou das filhas e passou a usar roupas que escondiam os ferimentos. O relacionamento entre os dois teria começado por meio de um aplicativo de namoro.

No dia do crime, o casal teve duas discussões. Pela manhã, após agressões, Rafaella teria desmaiado. No fim do dia, outra briga levou à tragédia. Marcas de sangue nas paredes e no chão da casa indicam que ela tentou escapar. Agulhas usadas foram encontradas espalhadas em diversos cômodos. Após a morte da companheira, Alef ainda utilizou o celular dela para enviar mensagens aos parentes fingindo que Rafaella estava viva, e depois apagou todas as contas nas redes sociais.

Alef foi preso em agosto de 2023, na cidade de Costa Rica, na Colômbia, após ser incluído na lista de procurados da Interpol. Na época, seu advogado declarou que o acusado aguardava o momento certo para se entregar e que tinha medo por ser dependente químico. O defensor também alegou que Alef tentara contato com as autoridades e que não teria sido preso formalmente até então.

Além da acusação de homicídio qualificado, ele responde por tráfico de drogas, pois fornecia entorpecentes de forma ilegal. Também há registros de um processo anterior contra ele em São Paulo, por tentativa de feminicídio contra outra ex-companheira, em 2021. A polícia ainda apura uma possível ligação com um terceiro caso, supostamente ocorrido nos Estados Unidos.

Se condenado, Alef Teixeira poderá enfrentar pena de 12 a 30 anos apenas pelo homicídio, além das sanções previstas por tráfico de drogas. O crime também se enquadra nas determinações da Lei Maria da Penha e da Lei de Crimes Hediondos.

“Ele é um dissimulado, um canalha. Não sei nem se merece ser chamado de cara”, disse Maria Helena.