Azeites com terroir mineiro estão entre os melhores do mundo

O azeite é produzido em pequena escala, o que permite manter a alta qualidade artesanal e fomentar a cultura do azeite fresco na região.

Por Plox

14/10/2024 06h56 - Atualizado há 8 dias

Cinco marcas de azeite da Serra da Mantiqueira e seis do Rio Grande do Sul se destacaram na edição de 2025 do guia italiano Flos Olei, que lista os melhores azeites do mundo. Esses produtos brasileiros atingiram notas acima de 80 pontos nos critérios de aroma e sabor, reforçando a qualidade da produção nacional.


Foto: Erasmo Pereira / Epami

Reconhecimento de Minas Gerais e São Paulo

Entre os representantes da Serra da Mantiqueira estão os azeites Verolí, produzido em Sapucaí Mirim (MG), e Mantikir, que tem suas azeitonas cultivadas em Maria da Fé (MG) e extraídas no lagar de Santo Antônio do Pinhal (SP). Ambos os produtos são fruto de uma dedicação rigorosa ao manejo das oliveiras e à pós-colheita.

Pedro Moura, coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), destaca a importância da adaptação das oliveiras ao clima local e os cuidados no processamento: “Esse reconhecimento da qualidade dos nossos azeites se deve à adaptação das oliveiras ao nosso clima. E, principalmente, ao manejo que o produtor tem realizado, aos cuidados na pós-colheita, no processamento e no armazenamento, que contribuem para manter a qualidade que vem do fruto”.

Verolí: tradição e cuidado familiar

O Azeite Verolí, que já havia sido reconhecido em 2024, é produzido pelos Olivais Alma da Mantiqueira. Vera Menegon, ao lado das filhas Natasha e Luana, adquiriu a propriedade em 2016 e iniciou um cuidadoso processo de cultivo das oliveiras. Luana Menegon conta que o nome Verolí foi inspirado tanto pela busca da pureza no processo de produção quanto em homenagem à sua mãe, idealizadora do projeto.

Com foco em manter um controle completo sobre a produção, a família Menegon valoriza a extração das azeitonas no mesmo dia da colheita, o que, segundo Luana, é um diferencial reconhecido em competições internacionais. O azeite é produzido em pequena escala, o que permite manter a alta qualidade artesanal e fomentar a cultura do azeite fresco na região.

Mantikir: conquistas internacionais

O Azeite Mantikir, produzido com azeitonas da Fazenda Tuiuva e extraído no lagar dos Olivais de Quelemém, também brilhou em competições internacionais. A edição Mantikir Summit Premium foi premiada com o primeiro lugar na categoria “Produção Limitada” no Evooleum 2024, guia espanhol que avalia os 100 melhores azeites do mundo.

Desafios e dicas para os consumidores

A produção de azeite de oliva extravirgem no Brasil ainda é limitada e recente. A primeira extração no país aconteceu em 2008, também liderada pela Epamig. No entanto, o Brasil ainda importa 99,7% do azeite que consome, e há desafios quanto à qualidade dos produtos no mercado.

Diante das frequentes denúncias de adulteração em azeites, Pedro Moura orienta os consumidores a escolherem produtos que são colhidos e envasados no mesmo local e a preferirem azeites com datas de produção mais recentes. Ele também recomenda atenção ao rótulo para garantir que o produto seja realmente azeite extravirgem e alerta para a qualidade superior dos azeites em garrafas de vidro.

Além disso, Moura ressalta que o preço pode ser um indicativo importante: “O azeite é um produto que tem um elevado custo de produção, e isso se intensificou nos últimos anos com as sucessivas quedas de safra nas grandes regiões produtoras da Europa. O consumidor deve sempre desconfiar de azeites baratos e buscar marcas mais idôneas e já conhecidas, além daquelas que mais agradam ao próprio paladar”.

Com a crescente produção e reconhecimento dos azeites nacionais, especialmente os produzidos na Serra da Mantiqueira e no Rio Grande do Sul, o Brasil vem ganhando espaço no competitivo mercado internacional de azeites de alta qualidade.

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