Menu

Siga o Plox nas Redes Sociais!

Não perca nenhuma notícia que movimenta o Brasil e sua cidade.

É notícia? tá no Plox
Política

Cidades sem hospital gastam milhões em shows financiados por emendas Pix

Levantamento revela que 33 municípios mineiros sem hospitais destinaram R$ 8,1 milhões em shows sertanejos e outras atrações, usando recursos de emendas parlamentares

14/10/2025 às 12:20 por Redação Plox

O uso de recursos públicos em festas e shows tem gerado polêmica em Minas Gerais. Desde 2023, pelo menos 33 cidades mineiras que não contam com hospital municipal destinaram juntas cerca de R$ 8,1 milhões, oriundos de emendas parlamentares do tipo Pix, para a contratação de atrações musicais — em sua maioria, do universo sertanejo.

Imagem Foto:


Apesar da ausência de um equipamento básico de saúde, como o hospital, essas cidades realizaram 75 transferências para artistas por meio dessas emendas especiais. No entanto, esse número não representa necessariamente a quantidade de eventos, pois alguns cachês foram pagos de forma parcelada devido aos altos valores.


Entre os municípios que mais investiram nesse tipo de entretenimento está Alpercata, localizada no Vale do Rio Doce, que lidera a lista com R$ 860 mil gastos. A cidade promoveu festas com nomes de peso como a dupla Israel & Rodolffo e o grupo Babado Novo.


Em seguida, aparece Sobrália, também no Vale do Rio Doce, que desembolsou R$ 850 mil em dois shows — ambos de artistas sertanejos: Leonardo e Marcos & Belutti.


Já Marilac, outro município da mesma região sem hospital, investiu R$ 718 mil em 10 apresentações. A programação contou com artistas como Leonardo, Gabi Martins (ex-BBB) e João Neto & Frederico.


As informações fazem parte de um levantamento exclusivo do Núcleo de Dados do jornal Estado de Minas, que cruzou bases do Congresso Nacional, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, do Tribunal de Contas estadual e do DATASUS (Departamento de Informática do SUS).


Embora esse tipo de repasse via emenda Pix não seja ilegal, especialistas ouvidos pela reportagem apontam que ele representa um mau uso do dinheiro público.
“Não estou falando de corrupção necessariamente, mas é de show que uma cidade pequena precisa?”,

questiona o cientista político e professor da UFMG, Carlos Ranulfo.Juliana Fratini, doutora em Ciências Políticas, também critica a prática, associando-a a uma estratégia de autopromoção. Segundo ela, os shows funcionam como uma ferramenta de marketing político:
“Os deputados que destinam emendas para esses eventos buscam gerar memórias agradáveis nos eleitores, promovendo a própria imagem”

.

Para Ranulfo, é preciso uma intervenção constitucional, possivelmente via Supremo Tribunal Federal, para alterar esse cenário. Ele defende o fim das emendas impositivas — aquelas que obrigam o Executivo a liberar os recursos — por considerá-las fragmentadoras da capacidade de investimento.


“Não existe nenhum outro país do mundo em que isso acontece. Agora, é óbvio que o Congresso não mudará isso. Uma vez que você ganha poder, raramente você devolve”, afirma. E conclui: “Isso prejudica muito os presidentes, sejam eles de direita ou de esquerda. Se ano que vem, um candidato de direita vence a eleição, ele terá o mesmo problema (de relacionamento com o Congresso) que o Lula (PT) tem tido”.


A polêmica levanta discussões sobre prioridades no uso de dinheiro público, especialmente em municípios que carecem de serviços de saúde essenciais, mas que seguem apostando em festas como forma de atrair atenção e votos.

Compartilhar a notícia

V e j a A g o r a